31 março 2023

margaret atwood / sal

 



 

As coisas eram boas nessa altura?
Sim. Eram boas.
Sabias que eram boas?
Nesse tempo? No teu tempo?
 
Não, porque estava preocupada
ou talvez faminta
ou a dormir, metade do tempo.
de vez em quando havia uma pêra ou uma ameixa
ou um copo com alguma coisa dentro,
ou uma cortina branca, ondulando,
ou ainda uma mão.
Também a luz suave da lâmpada
naquela tenda antiga,
desabando em beleza, plenitude,
corpos entrelaçando-se e estimando-se,
irrompendo, e desaparecendo.
 
Miragens, decides tu:
tudo isso nunca foi.
Embora por cima do teu ombro lá esteja,
o teu tempo definido como um piquenique
ao sol, brilhando ainda,
apesar de ser de noite.
 
Não olhes para trás, dizem eles:
tornar-te-ás sal.
Mas porque não? Porque não olhar?
Não é tão brilhante?
Não é tão bonito, lá atrás?
 
 
 
margaret atwood
afectuosamente
trad. joão luis barreto guimarães
bertrand editora
2021





30 março 2023

aníbal nuñez / especialmente na primavera

 
 
Especialmente na primavera
a sua derme precisa de um tratamento
para neutralizar as secreções
excessivas limpar
os póros obstruídos
 
sobretudo na primavera quando
tudo renasce é necessário
ANTES DA MAQULHAGEM
DE BASE vigiar
a natural desidratação da cútis
QUE DÊ O TOQUE FINAL SOBRE O SEU NOVO
ROSTO ADORÁVEL
                             sem dúvida
há que evitar na estação florida
submeter-se aos raios infra-vermelhos
dos entardeceres
sem tomar as devidas precauções
e – particularmente – aspergir
o corpo com gasolina
pegar-se fogo e arder vivo
por causas totalmente
alheias ao cuidado da pele
contrárias ao controle da beleza.
 
 
 
aníbal nuñez
poesia espanhola de agora vol. I
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
1997





 

29 março 2023

paulo da costa domingos / caiu o pano

 



 
A rotina invade,
conciliatória magia,
a quadrícula do soalho
num absurdo reflexo
do ímpeto vitral.
 
Arrefeceu o rastilho
que leva ao coração
o colapso do sangue.
 
Nenhum.
 
 
 
paulo da costa domingos
a céu aberto
averno
2017
 


28 março 2023

gottfried benn / moral de artista

 



 

Só na palavra hás-de mostrar-te
que em formas claras aparece,
pois cale a sua humanidade
quem de tormentos se guarnece.
 
Tens de a ti mesmo consumir-te –
era melhor ninguém soubesse,
nem deixes que ninguém suporte
o que tão escuro te acontece.
 
Carrega os teus próprios pecados,
teu próprio sangue, e mais requer-se
só a ti mesmo te anuncies,
tua morte em ti tem alicerce.
 
 
 
gottfried benn
50 poemas
tradução vasco graça moura
relógio d’água
1998




27 março 2023

elio pecora / confidência

 
 
Espera-me no espelho
como num velho conto de desconfiada loucura,
raramente me olha
porém, conheço bem o desprezo que alterna com o medo,
estamos juntos ab initio
decerto estaremos até ao extremo encerramento
quando voltarmos a partir
rumo àquele nada que a nós, como a todos, toca.
De vez em quando o esqueço
e, ao andar, torna-se leve e contente o percurso,
mas cedo o ignorado
volta a contar os passos, a tirar o fôlego;
vi-o, apetrechava-se
de esperanças algo dúbias, de prémios baratos,
quando bastava
ministrar-se as ânsias e os desejos nunca calados.
Da vez em que tentei deixar o quarto do seu triste segredo
entreabriu a porta
e mostrou-me, num ápice, apenas areia e cinza.
 
 
 
elio pecora
poemas escolhidos
interlúdio (1987)
tradução de simoneta neto
quasi
2008
 



26 março 2023

fernando pessoa / na véspera de nada

  
 
Na véspera de nada
Ninguém me visitou.
Olhei atento a estrada
Durante todo o dia
Mas ninguém vinha ou via,
Ninguém aqui chegou.
 
Mas talvez não chegar
Queira dizer que há
Outra estrada que achar,
Certa estrada que está,
Como quando da festa
Se esquece quem lá está.
 
11-10-1934
 
 
 
fernando pessoa
poesias inéditas (1930-1935)
ática
1955


25 março 2023

antónio osório / um sentido

 




 
Porque há um sentido
no lírio, incensar-se;
e no choupo, erguer-se;
e na urze arborescente,
ampliar-se;
e no cobre, primeira cura,
que dou à vinha,
procriar-se.
 
E outro, pressago,
sentido há na memória,
explodir-se.
E outro, imensurável,
no amor, entregar-se.
E outro, definitivo,
na morte, render-se.
 
 
 
antónio osório
casa das sementes, poesia escolhida
felicidade da pintura
assírio & alvim
2006
 




24 março 2023

charles bukowski / lifedance

 



 

a linha que divide o cérebro e a alma
é afectada de diversas formas através da
experiência –
alguns perdem completamente a mente e tornam-se
                                                        apenas alma:
lunáticos.
alguns perdem toda a alma e tornam-se apenas mente:
intelectuais.
alguns perdem ambas e tornam-se:
aceites.
 
 
 
charles bukowsky
os cães ladram facas
trad. rosalina marshall
alfaguara
2018
 
 


23 março 2023

karl vennberg / epílogo

 
 
Finalmente assim é o amor:
uma ferida incurável
que cada vez menos aguenta que a cocem;
mas também um espelhismo
de que o olhar só se desprende ao fim de tudo
antes que voltemos o rosto
para a parede vazia.
Talvez nos chegue, acrescenta a irónica esperança,
Uma palavra numa carta um dia depois da nossa morte.
 
I väntan pa pendeltaget, 1990



karl vennberg
o destino da árvore é
transformar-se em papel
antologia de poesia sueca
poemas vertidos para português por
amadeu baptista
contracapa
2021




22 março 2023

luís filipe castro mendes / o bibliotecário de alexandria


 

 

Quem julgará o que acordou, sobressaltado,
para salvar os espólios? Ele viu claramente o lume vivo,
as chamas que ninguém poderia apagar;
mas concluiu que tudo não era mais que um sonho
e sonhou sabê-lo.
 
 
 
luís filipe castro mendes
relâmpago
revista de poesia
nr. 16/4 2005
luís miguel nava
fundação luís miguel nava
2005



 

21 março 2023

georg maurer / os românticos e os decadentes

 
 
O céu tinha sido varrido
e as Madonnas sentadas pelos prados
mostravam os seios brancos de neve e amamentavam os meninos.
Entraram na cena os poetas e procuraram as suas amadas,
cada um a sua Madonna. E as raparigas assustadas
viram-se postas em nuvens onde não conseguiam estar sentadas
até as mais angélicas, etéreas, caíam
pelos revérberos da névoa. Melancólicos,
os poetas mudaram, puseram-se a cantar virgens mortas,
fizeram do frio túmulo, da branca mortalha
o seu céu e celebraram aí as suas festas
com grandiloquentes hinos à noite –
até que um, estremecendo, levantou na cripta
a tampa do caixão: e viu horrorizado os vermes
disputarem os melhores petiscos
do corpo da amada. – Agora, todos os poetas
ficaram esclarecidos, apressaram-se a sentar
as moças sobre os joelhos e a aceitar as drogas do patrão.
Mas, com o absinto no sangue, saíam perturbados
para o ar da manhã e convertiam-se a chorar
à Madonna lá em cima, a cuja cabeceira infinita
há muito se tinham instalado os físicos com frios instrumentos.
 
 
 
georg maurer
trad. joão barrento
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990
 



20 março 2023

sylvia plath / canção da manhã

 




 

O amor acertou o teu passo como um pesado relógio de ouro.
A parteira deu-te duas palmadas nos pés e o teu grito nu
Tomou o seu lugar entre os elementos.
 
As nossas vozes em eco engrandecem a tua chegada. Estátua
     nova.
Na corrente de ar de um museu, a tua nudez
Encobre a nossa segurança. Rodeamos-te inexpressivos como
     paredes.
 
Sou tanto tua mãe como
A nuvem que em espelho se destila e nele vai reflectir o seu
     lento
Apagamento às mãos do vento.
 
Toda a noite a tua respiração de borboleta
Paira entre o cor-de-rosa murcho das roas. Acordo e oiço:
Move-se no meu ouvido um mar distante,
 
Um choro e saio da cama aos tropeções, vaca gorda e florida
Na minha camisa de noite vitoriana.
A tua boca abre-se limpa como a de um gato. O quadrado da
     janela
 
Empalidece e engole as estrelas sombrias. E tu agora ensaias
     a tua
Mão cheia de notas;
Claríssimas vogais elevando-se como balões.
 
 
 
sylvia plath
ariel
trad. maria fernanda borges
relógio d´ água
1996




19 março 2023

ricardo reis / quatro vezes mudou a estação falsa

 
 
 
Quatro vezes mudou a estação falsa
No falso ano, no imutável curso
        Do tempo consequente;
Ao verde segue o seco, e ao seco o verde;
E não sabe ninguém qual é o primeiro,
        Nem o último, e acabam.
 
s.d.



poemas de ricardo reis
fernando pessoa
imprensa nacional - casa da moeda
1994





18 março 2023

luís vaz de camões / julga-me a gente toda por perdido

 
 
 
Julga-me a gente toda por perdido,
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.
 
Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.
 
Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;
 
Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro n’alma.
 
 
 
luís vaz de camões
sonetos




17 março 2023

günter grass / sustento de profetas

 



 
Quando os gafanhotos invadiram a nossa cidade
deixou de haver leite em casa, o jornal faliu.
Abriram-se as prisões e libertaram-se os profetas.
3800 profetas percorreram então as ruas.
Podiam falar impunemente.
 
Quem poderia esperar outra coisa?
Pouco depois o leite voltou a ser distribuído, o jornal reapareceu.
Os profetas enchiam novamente as prisões.
 
 
 
günter grass
trad. egito gonçalves
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990
 




16 março 2023

maria andresen de sousa / quando tudo ardeu

 
 
Quando tudo ardeu olhaste a árvore de cinza,
o gelo, o seu recorte de Inverno: e disseste: basta;
 
ficas nessa posição, nela hibernas
porque tu amas a paragem no que basta
 
um dia ébrio, um tanto, na sua luz
de frio; a sentença, tão breve e precisa
 
 
 
maria andresen de sousa
relâmpago
revista de poesia
nr. 16/4 2005
luís miguel nava
fundação luís miguel nava
2005
 



15 março 2023

joan brossa / o sangue de papel

 
 
Às vezes
gosto de seguir o lancil
do passeio e caminhar a grandes
passadas como se contasse as pedras.
 
Aqui abandono o caça-borboletas
e tiro a barba postiça.
 
O caminho
tem de um lado
a planície e do outro
um matagal espesso com
um bosque de pinheiros seculares
ao fundo.
 
 
 
joan brossa
transversões
poemas reescritos em português
por zetho cunha gonçalves
contracapa
2021
 




14 março 2023

robert desnos / cruzamento

 
 
 
Há neste cruzamento uma atmosfera de
recordações, de reencontros, de factos
estranhos absurdos e importantíssimos
O laranja e o verde florescem nas vitrinas do
                                              farmacêutico
As inscrições em esmalte lêem-se nos vidros
                                                      do café
A canção do transeunte é a mesma em todo
                                                        o lado
O candeeiro é o mesmo
As casas são parecidas com tantas outras
A mesma calçada
Os mesmos passeios
O mesmo céu
E no entanto muitos param neste lugar
Muitos parecem encontrar nele o odor do seu
                                              próprio corpo
E o perfume de amores volvidos
Irremediavelmente mergulhados num
                                esquecimento tortuoso.
 
 
 
robert desnos
luto por luto / poemas
trad. diogo paiva
sr teste edições
2022
 




13 março 2023

rui diniz / explicação

 
 
Sem dizer que outrora entre lâmpadas
de seda o som cítio traçou um olhar
de incêndio. Sem dizer que o que sentimos
se transformou no que dissemos, e o
céu alagou-nos os olhos de uma véspera
de lágrimas. Então que nos fica por dizer?
 
Em bruxelas à noite as ruas e os bairros
humedecidos, encontrados, desencontrados.
A razão para escrever. Os sempre longos
losangos de chuva. A ínfima degolação
da mágoa como o apagar-se de um nome
na memória esgotada de azul e febrecitude.
 
Invento de um engenho que apesar dos
anos nos mantenha despertos para buscar.
Apenas os lábios de dessedentam com tais
palavras. Tal como os sobre a mesa pousados
escritos. Recordo-me de apenas uma mágoa.
De um cântaro deverão quebrado num
alpendre, depois do bulício e do sonho em
que o vi.
 
Sem descrever com amor os séculos e
as rodas das azenhas. Sem com as mãos
já muito doentes folhear o céu, na vã
vontade de o ler. Que poderei eu nestes
lugares procurar e encontrar, além de
rubro desânimo?
 
 
 
rui diniz
ossos de sépia
noemas
língua morta
2022




12 março 2023

álvaro de campos / esta velha angústia,

 
 
Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
 
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
 
Um internado num manicómio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicómio sem manicómio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos
Estou assim...
 
Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu tecto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.
 
Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?
 
Estala, coração de vidro pintado!
 
16-6-1934
 
 
 
fernando pessoa
poesias de álvaro de campos
edições ática
1944



11 março 2023

alberto caeiro / nem sempre sou igual no que digo e escrevo.

 
 
XXIX
 
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
 
 
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os meus pés —
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...
 
s.d.
 
 
alberto caeiro
o guardador de rebanhos
poemas de alberto caeiro
fernando pessoa
ática
1946




10 março 2023

lia bettencourt gesta / medição

 
 
As lágrimas
cobriram o fundo da taça de vidro
que pintaste à mão.
 
Formou-se uma ligeira onda
e como uma criança,
rodei a taça de modo que também as paredes
ficassem mergulhadas
no teu abandono.
 
Nunca medi lágrimas
mas acho que me tiravam a sede
numa noite quente de Havana.
 
 
 
lia bettencourt gesta
110 anos, 110 poetas
antologia comemorativa dos
cento e dez anos da universidade do porto
u.porto press
2021
 
 


09 março 2023

sandra costa / manual da vida breve

 
 
1.
 
Não sei o que é o tempo, o amor,
as decisões adiadas a esconderem-se
da última imagem que morre.
 
Quando se me acaba um poema
 
só procuro guardar a infância,
bocados de solidão, as magnólias
caindo a despedirem-se da
Primavera que chega.
 
 
 
sandra costa
manual da vida breve
poesia reunida 2003-2021
officium lectionis edições
2021
 



08 março 2023

antonio gamoneda / meu rosto ferve nas mãos do escultor cego



 

 
Meu rosto ferve nas mãos do escultor cego.
 
 
Na pureza dos pátios imóveis ele pensa docemente nos
suicidas; está a criar a velhice:
 
 
ontem e hoje são já o mesmo dia no meu coração.
 
 
 
antonio gamoneda
livro do frio
trad. de josé bento
assírio & alvim
1999
 


 


07 março 2023

armando silva carvalho / armas brancas



2.
 
Hoje podes despir a camisa ao sol incendiário.
Perguntar ao Sollers se a China
fica ao lado, ao virar da página
(matutada e matutina).
Abrir todas as válvulas e esperar a mistura
ambiciosa de esperma e de borracha
de pedintes e políticos ainda natalícios.
Podes também apregoar está inteiro
e partires depois nostálgico dos tempos áureos
do papel-moeda e das derribes da palavra escrita.
Hoje nada há, aqui, que a ti te baste.
Praxemas, culturemas, gate-keepers,
sábios, artistas, grandes cozinheiros,
traficantes, humildes perfumistas,
ruídos indecisos de Xenakis
ananphalangestereophonias
lúcidas memórias de Jorge Sena
bússulas antigas usadas pelo Pessoa.
 
 
 
armando silva carvalho
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007