O amor acertou o teu passo como um pesado relógio de ouro.
A parteira deu-te duas palmadas nos pés e o teu grito nu
Tomou o seu lugar entre os elementos.
As nossas vozes em eco engrandecem a tua chegada. Estátua
nova.
Na corrente de ar de um museu, a tua nudez
Encobre a nossa segurança. Rodeamos-te inexpressivos como
paredes.
Sou tanto tua mãe como
A nuvem que em espelho se destila e nele vai reflectir o seu
lento
Apagamento às mãos do vento.
Toda a noite a tua respiração de borboleta
Paira entre o cor-de-rosa murcho das roas. Acordo e oiço:
Move-se no meu ouvido um mar distante,
Um choro e saio da cama aos tropeções, vaca gorda e florida
Na minha camisa de noite vitoriana.
A tua boca abre-se limpa como a de um gato. O quadrado da
janela
Empalidece e engole as estrelas sombrias. E tu agora ensaias
a tua
Mão cheia de notas;
Claríssimas vogais elevando-se como balões.
sylvia plath
ariel
trad. maria fernanda borges
relógio d´ água
1996
A parteira deu-te duas palmadas nos pés e o teu grito nu
Tomou o seu lugar entre os elementos.
nova.
Na corrente de ar de um museu, a tua nudez
Encobre a nossa segurança. Rodeamos-te inexpressivos como
paredes.
A nuvem que em espelho se destila e nele vai reflectir o seu
lento
Apagamento às mãos do vento.
Paira entre o cor-de-rosa murcho das roas. Acordo e oiço:
Move-se no meu ouvido um mar distante,
Na minha camisa de noite vitoriana.
A tua boca abre-se limpa como a de um gato. O quadrado da
janela
a tua
Mão cheia de notas;
Claríssimas vogais elevando-se como balões.
ariel
trad. maria fernanda borges
relógio d´ água
1996
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