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17 setembro 2024

armando silva carvalho / armas brancas

 
 
 
4.
 
Ouve os pigmentos bíblicos. Acorda
nas entradas da recriação estilística.
Númen – a ave de ouro que lambuza o bico
nos altares altíssimos entorna sobre ti
a grossa baba.
Teus périplos felizes debaixo da canção
recebes da condensação polifónica.
Saem do fogo as figuras da escrita
raízes de metal absorvem-te os sintomas.
A febre sopra sobre a tua carne
o linho para sempre inexpressivo.
Debruças-te no rebordo inflamado
e as vozes irrompem do tecido aberto.
És um gume sonoro sob o céu da boca
e escutas os irmãos que gritam da Colina
o Pai está morto alcançámos a Mãe
na encosta do Texto.
Óperas vocalizos o lavar dos dentes
árvores que sobem de feridas doidas
com o sabor dos trinos e a guerras dos dissídios.
À beira de um riacho serás o ancião que se ocupa das
sílabas. Sinecura sem cura os brilhos mitigados
afagam-te os artelhos
e gerações cansadas pesam nos teus ombros.
 
 
 
armando silva carvalho
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007
 



25 fevereiro 2024

armando silva carvalho / o peso das fronteiras

 
 
 
Aqui me tens. E o texto.
Partículas. Partes sensíveis, pequenas
vísceras onde ocultam vermes;
uma poeira doce;
depois uma ferida.
 
Repara bem nas frases.
Na lenta fusão das letras sob o estômago.
Feriste-me. E as sílabas de um mar
há tanto, tanto tempo desejado,
vais ouvi-las mais tarde
quando discutes Marx, ofendes os amigos
ou passeias de mão dada com os poderes do tédio.
 
Insisto apenas para que me descubras.
Mais ou menos absorto. Virado de costas
ou simplesmente lendo
sem fome as páginas do tempo.
Nunca pesei muito.
Aliás, repara, quando os textos explodem
e se notam no ar as mil paciências
sobre a paciência;
quando a solidão se escama
como um peixe dúbio,
tudo se torna leve, final, tenso, coeso,
e tu podes ouvir, uivando,
um cão banhado em lágrimas.
 
Eu sou eu. Um cão dentro do túnel.
Já de patas desfeitas. Mais frio. Ao frio.
Roubando, entre os antigos, ossos
roendo, entre os modernos, mitos.
 
Os poetas começam onde acaba isto.
Este penso infectado que me pões nos olhos.
Um país termina. Logo nasce um outro.
E o território és tu.,
população, governo.
Amor administrativo; viva pátria
dos cínicos.
 
Vamos: sacode as armas quietas
da mentira.
Alarga as fronteiras
com teu riso sinistro.
 
Eu, mar, ligadura dobrada
sobre o sol do amor,
ardo na terra. Vou e venho.
E, além do mais, sou isto.
 
 
 
armando silva carvalho
o peso das fronteiras 1976
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007
 




26 agosto 2023

armando silva carvalho / armas brancas

 
 
3.
 
Terás tempo também para o murmúrio.
Para a água cantante. Para as falsas fontes
de Roma e da cultura.
Os Bárbaros isolam os metais junto à fronteira.
Ouvem-se-lhes os gritos por cima das alfaias.
Nem a neve os detém nem a canícula
que o dia de hoje é a lagoa enorme onde desaguam
os nomes todos dados à palavra.
De noite se quiseres podes fazer a tua cama em África
e o sangue aceso seguirá a música
entre o cobalto e a linha Maginot.
Da renda mais tranquila escolherás os melhores vocábulos:
a mãe risonha sob os castanheiros,
a viola muda ao canto da sala,
o rubor do pão oculto no regaço.
Ninguém te levará esta manhã a sério.
Partes os caules das jarras conscientes
bebes o mijo louro
e espreguiças-te no interior dos átrios
literários.
Com uma nova máquina fazes a barba
À relva adolescente dos sentidos.
 
 
 
armando silva carvalho
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007
 



07 março 2023

armando silva carvalho / armas brancas



2.
 
Hoje podes despir a camisa ao sol incendiário.
Perguntar ao Sollers se a China
fica ao lado, ao virar da página
(matutada e matutina).
Abrir todas as válvulas e esperar a mistura
ambiciosa de esperma e de borracha
de pedintes e políticos ainda natalícios.
Podes também apregoar está inteiro
e partires depois nostálgico dos tempos áureos
do papel-moeda e das derribes da palavra escrita.
Hoje nada há, aqui, que a ti te baste.
Praxemas, culturemas, gate-keepers,
sábios, artistas, grandes cozinheiros,
traficantes, humildes perfumistas,
ruídos indecisos de Xenakis
ananphalangestereophonias
lúcidas memórias de Jorge Sena
bússulas antigas usadas pelo Pessoa.
 
 
 
armando silva carvalho
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007


 



16 julho 2022

armando silva carvalho / agrário e agreste

 
 
                           ao António Rego Chaves
 

 
Sobre as árvores encolhidas que gastavam
a ternura de tudo; severo,
o céu desajeitado avolumou-se.
Na testa do silêncio ao pé dos montes
as pedras adoecem entre o sangue
derrota que se imprime por palavras
se imite diminuta nos alqueives.
Sob a capa da terra e no alcance
dos dedos de fora inesperados
a rotura simples dum soluço
ferindo o estrume em breves plantas novas.
Ao longe o grito do abraço em pé
com as vergonhas cobertas de papel
os prumos os cabos o pão um ovo
o vinho deitado, aqui ao pé do choro.



armando silva carvalho
lírica consumível 1965
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007




 

12 janeiro 2022

armando silva carvalho / armas brancas

 
 
1.
 
Não há nenhuma lei para o dia de hoje.
Os momentos são teus. As tuas bicicletas.
Podes ama no cinema com a boca
colada à tela gigante.
Perguntar pelo poeta Rilke no silêncio
branco das sentinas públicas
ou no silêncio cinza
das outras sentinelas.
Podes voar desesperadamente de encontro
Aos automóveis e lá no fundo sobre o riso do óleo
descobrir um anjo infecto a lamber o asfalto. Desliga
devagar as luzes assassinas.
Destila rápido as frases recortadas
do magarefe e da prostituta
do alfaiate e da pianista que se espraia
louca sobre refinados jogos aquáticos.
O céu hoje é uma triste ciência
de judeus errantes.
O mar, distante, um curso adiado
de linguística, uma malha na meia,
as bocas ferocíssimas do metro
em plena cheia.
 
 
 
armando silva carvalho
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007




 

13 dezembro 2020

armando silva carvalho / conversa cortante

 
 
As navalhas conversam numa pausa mansa
e sob o ardor do verão as ancas
as ancas amolecem.
É na sombra da sombra que o seu metal
deslumbra e o desejo estremece
no chão das catacumbas.
O seu fulgor exacto rebrilha
rente às praias onde se abusa do tempo
que já devora as dunas.
Em cada corpo em chaga um sol negro rebenta
e o mar preso ao passado
devolve à multidão exaltados naufrágios.
 
 

armando silva carvalho
técnicas de engate 1979
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007

 




05 junho 2019

armando silva carvalho / a cabeça escuta



Que mais pode este dia?
Em cada ligação a morte fala baixo
e arrefece as pernas das telefonias.
Em cada pulsação
escondemos o rosto embriagado
pelo tédio ou pelo terror
de mãos desfeitas.
Por vezes o silêncio ainda nos salva
e com que gratidão
banhamos a pele clara dos sentidos
na luz dos seus relâmpagos
mortais.

Porque a cabeça escuta,
escuta e nunca mais.



armando silva carvalho
sentimento de um ocidental 1981
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007







01 setembro 2017

armando silva carvalho / pastos




Por caminhos de verão alguém me pastoreia
patos celestes, gansos azuis de esperança,
inúmeros animais a que arderam as penas.
A fala é uma correia que estala sobre os corpos
o grito uma granada de alcance inofensivo.
Silêncio sou no solo, no chão deste país
de mães vivas e soltas os cabelos desgrenhados
pelos negócios da alma que são os mais difíceis,
pela alma dos negócios a que ninguém me poupa.
É tempo? Pois é tempo.
As luzes incendeiam as pastagens do medo
e as frutas do silêncio
esperam nos meus silos os dentes da revolta.


armando silva carvalho
técnicas de engate 1979
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007





09 setembro 2016

armando silva carvalho / poema dos motoristas oficiais



Encontram-se um pouco por todos os lugares.
Ora fumando,
orando pelos filhos junto a um deus
secretariado por magníficos
patrões.
De fato azul e gravata preta,
de anel  cachucho e jornal da bola,
o rabo habituado aos bons cabedais
pousado no capot ultra-reluzente.
Trazem a província em cada bolso do corpo
e estendem olhos julgadores às mulheres solitárias
de cigarro na boca em plena rua.
Às vezes são quatro ou cinco à espera do final
um conselho em pleno parto,
de uma portaria inacabada
ou de uma reunião e economia mística.
Derramam o passeio
o ócio inexplicável  rústicos fiéis
e contam anedotas num bocejo amarelo de melancolia.
Quem lhes dera a reforma, a courela da mãe
ou num sonho longínquo
essa noite sem lua em que engravidaram
a prima por descuido.
Sinto por todos eles um sentimento soturno
e muito gostaria
que Cesário os conhecesse
ao passear sozinho
pelas novas avenidas ao anoitecer.


armando silva carvalho
lisboas roteiro sentimental 2000
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



19 maio 2016

armando silva carvalho / il prete rosso



É como se uma flauta dissesse
este padre está podre.
Podre de silêncio até aos ossos,
até quando abandonava o altar
para fixar no papel um tema estremunhado.
E do novelo ardente dos cabelos
puxava a linha putrefacta
para a noite subterrânea dos sentidos.
Trezentos anos depois, ouvindo esta música
fétida da terra, eu sinto vir da noite apodrecida,
envenenar a luz crua do dia, todo o rumor
dos séculos, Il Prete Rosso.


armando silva carvalho
alexandre bissexto 1983
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



21 novembro 2015

armando silva carvalho / a minha infância não a trago ao colo



A minha infância não a trago ao colo.
Mas hoje ao ver-me tão pintado
no espelho do seu rosto
ajoelho no chão
para que as águas me cubram
e o tempo de mim sinta
vergonha.



armando silva carvalho
canis dei 1995
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



03 dezembro 2014

armando silva carvalho / o frio



Tocar com a língua
na cúpula do ar.

Acomodar os víveres
movimentar o vento.

Fazer deste poema
um frigorífico.

Nas prateleiras ácidas
o silêncio (duplo) dos peixes:
o choro terno e tenro
da hortaliça.

Tocar com as palavras
na cápsula do mar.

Incomodar os vivos.
Mexer na carne com dedos
subversivos.

Impor aos homens
esta abundância fria
colhida nos catálogos.

A elegância
dos ovos
em repouso.

Uma mulher serena sonha
com o frio: corre-lhe
pelo corpo o leite desnatado
e fica nos anúncios
pensativa.

No íntimo do corpo
há fendas numeradas
onde o fresco se atreve
a conservar os nervos.

Está na hora
de refrescar a boca.

Donas de casa
e pensadores diários
eis aqui uma demonstração
gratuita do frio.



armando silva carvalho
o comércio dos nervos 1968
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007





19 setembro 2014

armando silva carvalho / aqui




Aqui o inferno mata as profissões
Que têm acesso ao ar.
Diz-se que deus se absteve
De criar servidores para os condenados
Ao tédio.

Morre-se no emprego
Com a garganta apertada por uma mão
Sem ossos.

Aqui os anos crescem pouco ou nada.
Os dias e dias secam na raiz.
Não há horas felizes.

O sol sempre se deu bem com gente como esta
Que salpica de chuva os seus pequenos
Afazeres
Para ficar em casa.

Gente com plenos poderes
Para desmanchar a festa que se alonga
Para lá da cabeça.

Diz um: eu sou o sábio de domingo.
Agora não me ocupo de dias úteis, de remendos d’alma,
De fragilidades.
Esperem por mim mas só depois
Da missa.

Diz outro: a ética é grega de nascença
Movemo-nos por números, já sentenciava Pitágoras.
Não cunhamos moeda, não sujamos as mãos
Nos improvisados remos do naufrágio.
O nosso destino é perguntar.

Parece que deus quis que não nascesse a obra.
Nascer que nasça o sol
E é bastante.
Quem pergunta ao sonho pelo homem
De serviço?

Nos campos vicejam novamente as urtigas
São restauros agrícolas,
Exemplos a seguir, ordens vindas de cima,
Ao ouvido,
Na sala dos banquetes.

O mar faz de cão velho e deixa-se ficar
À espera no patamar dos mitos.
Ninguém o suporta
Nem ao seu uivar aos pés
Da história.

Comovidos estamos, com um não sei quê,
Um quanto, um como, uma dor
Que levanta asas
E vai do vale à montanha
Como vão os monges cavaleiros
À televisão.

Aqui a cidade abre-se para lá da noite
E é sempre belo ver a madrugada
A chorar os seus ídolos.

Aqui os que têm coração
Têm desconto.


armando silva carvalho
sol a sol 2005
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007





06 agosto 2013

armando silva carvalho / metal e nuvens



E aqui com grande choro começo.
Porque ando à caça entre brenhas
de metal e nuvens?
Outrora os pastores lembravam-se do tempo
em que a vereda da vontade viam
e límpidos, no chão, adormeciam rústicos.
Agora sou um ser traído pela vergonha
e amanso ovelhas ruivas, retalhadas por máquinas
que a boca dos dizeres coagulou no tempo.
Estou só entre estas bestas que me chegam do espaço
e que lambem no frio as minhas mãos inertes.



armando silva carvalho
técnicas de engate 1979
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



18 junho 2013

armando silva carvalho / lentamente



LENTAMENTE arrasto a ruptura do mundo
com o terror do século
e o olhar atravessado
pela demência.
retiro da cabeça partículas de sexo,
incrustações de vício,
pequenas rotações de amores
menores.
E sento-me,
a decifrar o tédio.
A beber, feliz, a luz dos sacrifícios.


armando silva carvalho
canis dei 1995
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



27 abril 2013

armando silva carvalho / em sintra, numa cama




Deitado nesta cama, onde dormiste
onde pesaste o corpo
onde sentiste o gravitar
da chuva o vento
a cobra do vento,

deitado nesta, onde caíste
no alçapão directo das saudades
nas podres drogarias do meu siso,
deitado nesta cama, onde um
penico arde com cigarros,
olhado pelos jarros,
pelos bigodes de um velho
e a mansa mão da esfinge
sobre a mesa,

eu leio nas paredes que me estalam
porque secas de som,
bisonhas redacções de juventude,
sinais de vestuário,
peças de roupa interior
que outrora me feriam.
As linhas que compunha
na bruma caligráfica do tempo
onde te ergui, então, pedra por
pedra, puxando por ridículas roldanas
meus pesados blocos
de ternura.

Deitado nesta cama
revejo o que podia ser teu corpo
na frase trémula que me arrasta
as têmporas. Sacudo puxo penso
com os sentidos livres
de combustão latente
em que me ardeu o sono.



armando silva carvalho
o comércio dos nervos 1968
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007



04 abril 2013

armando silva carvalho / hospital curry cabral


  
                                                       a colien honegger


Parecem as termas de Fellini, disse ela, a catalã
que não sabia nada dos hospitais
de Lisboa.

De facto, o chão fumava,
um vapor espesso subia-lhe pelas pernas
e acalorava os gatos.
E até um garnisé que por ali passeava em busca
das migalhas das visitas
cantou
desirmanado.

Mas era quase erótico o som da sua voz
como a da vedeta italiana
desse filme barroco
caindo inocente na doença ambulante
levada por maqueiros gordos
e libidinosos.

As palmeiras derramavam um choro
no vento melancólico.
E ela a catalã, jovial e magra,
ia batendo palmas às aves embaraçadas,
e avançava a sorrir
pelas zonas infecto-contagiosas.
Mas não lhe era preciso aplaudir um tal cenário
de figurantes mudos e fantasmagóricos
com os seus roupões azuis
de sida
com os seus pijamas de cinza
e tuberculose.
Bastava-lhe olhar a direito ou fechar os olhos
e perguntar pelo Hotel Barcelona.

Mas ela preferiu tropeçar nos varões com sono
arrastados pelo verde do jardim
e passar rente a precipícios que deslizam deitados
à sombra da morte.

E é preciso amar e partir depressa.
Ou atordoar-se com os perigosos jogos do contágio.
Eu respiro a calma que a desgraça me oferece
entre galinhas-da-índia
a encurtar caminho
nesse antigo lugar de mulheres da vida
arrependidas.

Normalmente vou só e não me engano.
A amiga catalã é um devaneio
numa rambla de encontros tenebrosos
com outra espécie de morte.

Tantas vezes pensei
e o poema não veio ao meu encontro.
Tantas vezes devorei este fumo quente e sensual
que começa por lamber-me as calças
e faz de mim um animal em erecção precoce.
Belas termas, estas, amiga tão distante,
nas tuas quimeras musicais
no teu regaço de coloridas risas de passagem.

Passa comigo e pede um copo de água
ou de cólera, como diz o brasileiro,
àquele rapaz com a morte a prazo.
A menina do filme, essa perversa inocente
Cardinale, fica-te tão bem,
diria ele,
esse jovem director de espectros
que te tira o chapéu
e deixa ver um quisto inquietante
na cabeça pelada de trapezista mortal.
Traz contigo mais música.
E passeia comigo entre pavões rubro-azuis
e corpos que rolam
sentados ou jacentes e avançam
para a saída
da vida.



armando silva carvalho
lisboas, roteiro sentimental 2000
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007