nas entradas da recriação estilística.
Númen – a ave de ouro que lambuza o bico
nos altares altíssimos entorna sobre ti
a grossa baba.
Teus périplos felizes debaixo da canção
recebes da condensação polifónica.
Saem do fogo as figuras da escrita
raízes de metal absorvem-te os sintomas.
A febre sopra sobre a tua carne
o linho para sempre inexpressivo.
Debruças-te no rebordo inflamado
e as vozes irrompem do tecido aberto.
És um gume sonoro sob o céu da boca
e escutas os irmãos que gritam da Colina
o Pai está morto alcançámos a Mãe
na encosta do Texto.
Óperas vocalizos o lavar dos dentes
árvores que sobem de feridas doidas
com o sabor dos trinos e a guerras dos dissídios.
À beira de um riacho serás o ancião que se ocupa das
sílabas. Sinecura sem cura os brilhos mitigados
afagam-te os artelhos
e gerações cansadas pesam nos teus ombros.
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007
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