Deitado
nesta cama, onde dormiste
onde pesaste
o corpo
onde
sentiste o gravitar
da chuva o
vento
a cobra do
vento,
deitado
nesta, onde caíste
no alçapão
directo das saudades
nas podres
drogarias do meu siso,
deitado
nesta cama, onde um
penico arde
com cigarros,
olhado pelos
jarros,
pelos
bigodes de um velho
e a mansa
mão da esfinge
sobre a
mesa,
eu leio nas
paredes que me estalam
porque secas
de som,
bisonhas
redacções de juventude,
sinais de
vestuário,
peças de
roupa interior
que outrora
me feriam.
As linhas
que compunha
na bruma
caligráfica do tempo
onde te
ergui, então, pedra por
pedra,
puxando por ridículas roldanas
meus pesados
blocos
de ternura.
Deitado nesta
cama
revejo o que
podia ser teu corpo
na frase
trémula que me arrasta
as têmporas.
Sacudo puxo penso
com os
sentidos livres
de combustão
latente
em que me
ardeu o sono.
armando silva carvalho
o comércio dos nervos 1968
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio
& alvim
2007
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