Ó Leviatã,
ó adormecido em espessas trepadeiras
de água,
que sabes das correntes
ensandecidas pelo odor fundo
da lua?
Animal fervoroso
e marinho,
como pudeste seduzir-me
a ponto de me prometeres sempre
marés calmas,
tu, vampiro de naufrágios
e de sal?
Em verdade, ó adormecido em espessas
trepadeiras de água,
talvez haja um comprazimento
sem mistério
nas rochas poisadas sob o mar: que de outro
modo o coração delituoso das espécies
nelas cravadas
a ponto de ficarem cegas
e não por necessidade mas comodismo
do espírito,
Leviatã?, amigo meu ? diz-me.
eduarda chiote
a celebração do pó
asa
2001
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