1
Complacências
do roupão e café
Tardio e
laranjas numa cadeira soalheira
E a verde
liberdade de uma catatua
Sobre um
tapete misturam-se para dissipar
A quietude
sagrada de sacrifício antigo.
Ela sonha um
pouco e sente a escura
Insinuação daquela
velha catástrofe,
Enquanto uma
calma escurece entre luzes de água.
As laranjas
pungentes e asas verdes brilhantes
Parecem coisas
em um cortejo dos mortos,
Serpenteando
através de água imensa, sem som.
O dia está
qual água imensa, sem som.
Acalmado
para a passagem de seus pés sonhadores
Por cima dos
mares, até à Palestina silenciosa,
Domínio do
sangue e sepulcro.
2
Porque havia
ela de entregar a sua riqueza aos mortos?
O que é a
divindade se pode vir
Apenas em
sombras silenciosas e em sonhos?
Não encontrará
ela em confortos do sol,
Em fruta
pungente e asas verdes brilhantes, ou então
Em qualquer
bálsamo ou beleza da terra,
Coisas a
serem acarinhadas como a ideia de céu?
A divindade
tem de viver dentro dela:
Paixões da
chuva, ou melancolias ao cair da neve;
Mágoas na
solidão, ou exultações
Insubmissas quando
o bosque floresce; emoções
Tempestuosas
nas estradas molhadas em noites de outono;
Todos os
prazeres e todas as dores, lembrando
O ramo do
verão e o galho do inverno.
Estas são as
medidas destinadas à sua alma.
(…)
wallace stevens
ficção suprema
trad. luísa
maria lucas queiroz de campos
assírrio
& alvim
1991
Sem comentários:
Enviar um comentário