Sob esta mão
da noite,
sob esta
palma de silêncio,
se achata o
homem, mudamente,
contra a
terra do seu leito.
Uma densa e
escura água empapa
os corpos de
mudez e de cegueira.
A carne
triste das fadigas
jaz, sob o
teto, como morta.
(Alto, muito
alto, inacessível
em sombra
astral rebrilha o céu.)
São como
bois que entre trevas
arrastam lentos
e pesados
a pedra
escura que do solo
liberta e
sepulta ao mesmo tempo.
Fardos que
grávidos se aprumam,
que alados
buscam outra pátria.
Carne que cega
a sua miséria,
que a
desterra do seu peito.
Seres que
abatem o cansaço
e seu diário
ir morrendo,
sua
indiferença ressentida,
seu não
esperar Deus em Seu Reino.
Sobre o
cansaço e a amargura,
sobre o
suor, o ódio, o medo,
cai o
silêncio da noite
como um
prenhe ventre negro.
Homens voltam
como crianças,
e aqui,
estremecidos, dormem dentro.
Aqui vão
lavrando com o sonho
o sulco
fundo do seu túmulo.
leopoldo de luis
poesia espanhola do após-guerra
selecção e
tradução de egito gonçalves
portugália
1962
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