São meus filhos. Gerei-os no meu ventre
Via-os chegar, às tardes, comovidos,
Nupciais e trementes,
Do enlace da Vida com os sentidos.
Estiveram no meu colo, sonolentos.
Contei-lhes muitas lendas e poemas.
Às vezes, perguntavam por algemas.
Respondia-lhes: mar, astros e ventos.
Alguns, os mais ousados, os mais loucos,
Desejavam a luta, o caos a guerra.
Outros sonhavam e acordavam roucos
De gritar contra os muros que há na Terra.
São meus filhos. Gerei-os no meu ventre.
Nove meses de esperança, lua a lua.
Grandes barcos os levam, lentamente…
natércia freire
liberta em pedra
1964