Entre as gruas das docas vê a gente manhã cedo
Uns homens a passar que não têm ar de marinheiros
Mas seguem para os barcos em descuidado folguedo.
Que muita vez se cansam a procura-los no cais
Altas proas pesqueiras, chaminés pontiagudas,
E suas fainas duram uma semana, não mais.
E camisas de rede seja Inverno ou seja V´rão
Um grande lenço para o lume à volta do pescoço
E seguem aos baldões segurando-se pela mão
Vão de proa direita aonde impera o nevoeiro
Onde os faróis marítimos com roncos de aterrar
Põem louco o incauto que nunca os ouviu primeiro
Adivinham onde estão os faróis pelas buzinas
E vão dançando vagarosa dança sobre as ondas
Que os homens dos cargueiros chamam ondas bailarinas
Que os ingleses não choram mais de um dia cada morto
E mesmo que quisessem chorar mais não tinham tempo
Pois por cada dez que partem só voltam cinco ao porto
Uma lata de aveia e um pedaço de presunto
Mas preferem beber o dinheiro até vir o mestre
Arrastá-los para bordo no último minuto
Vão para bordo tropeçando aos pares de mãos dadas
E sem seque darem bem conta muitas vezes
Vão ao fundo co´os barcos em sonoras gargalhadas.
inimigo rumor, nº 14
tradução de manuel resende
livros cotovia
2003
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