20 março 2022

antonio gamoneda / não tenho medo nem esperança

 
 
Não tenho medo nem esperança. De um hotel fora do
destino, vejo uma praia negra e, longínquas, as gran-
des pálpebras de uma cidade cuja dor não me afecta.
 
Venho do metileno e do amor; tive frio debaixo dos
tubos da morte.
 
Agora contemplo o mar. não tenho medo nem espe-
rança.
 
 
 
antonio gamoneda
livro do frio
trad. de josé bento
assírio & alvim
1999



 

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