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06 abril 2022

alexandre nave / a dor é um abraço que afoga

 
 
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A roupa estendida a desfeitear rapariga
as mãos delas prendidas nas outras
os olhos em tanques de água,
 
os dedos frios alongados no pátio,
 
saem para a praça vestidas no céu
que vela os mortos, os cabelos
entrelaçados nos beirais da chuva
 
a roupa seca balançada nos olhos
 
 
 
alexandre nave
columbários & sangradouros
quasi
2003




25 maio 2010

alexandre nave / o cheiro dos carniceiros a tatuar palavras







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Os pés nos campos de algodão

calcinados de sangue, abertos
descidos os buracos ao corpo

caminhamos os campos desprovidos
abrimos poços nos ouvidos,

os olhos já queimados
furamos os dedos nos umbigos
um a um num cordão a enfiar,

nascemos uns nos outros

não sabemos quem nos vem queimar.








alexandre nave
columbários & sangradouros
quasi
2003