Como viver sem desconhecido diante de nós?
Os homens de
hoje em dia querem que o poema seja à imagem das suas vidas, com tão poucas
considerações, tão pouco espaço, consumidas de intolerância.
Porque já não
lhes é permitido agir supremamente, nessa preocupação fatal com a
auto-destruição através dos seus semelhantes, porque a sua riqueza inerte os
refreia e s amarra, os homens de hoje em dia, debilitado o instinto, perdem,
muito embora se conservem vivos, a própria poeira do sue nome.
Nascido do
chamamento do porvir e da angústia da retenção, o poema, elevando-se do seu
poço de lama e de estrelas, testemunhará, quase silenciosamente, que nada havia
nele que não existisse verdadeiramente noutro sítio, neste rebelde e solitário
mundo de contradições.
rené char
furor e
mistério
o poema
pulverizado (1945-1947)
trad. margarida vale de gato
relógio d’água
2000