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06 outubro 2024

leopoldo maría panero / diário do manicômio de mondragón

 



 

 

20 de abril
 
Entro no bar dos enfermos. Ele está repleto de folhas secas e amarelas que lembram pessoas velhas. Caminhando na direção do balcão, piso em algumas delas, que se parecem com álbuns ou lembrancinhas. O garçon apoia os cotovelos no balcão do bar, próximo à sua cabeça há uma Coca-Cola. Ele me conta de um crime que cometeu há muito, muito tempo. Então esfrega um pano de prato em sua testa e sussurra: oh, minha cabeça, minha pobre cabeça!
 
 
 
leopoldo maría panero
poemas do manicômio de mondragón
trad. ayrton a. badriah, pedro spigolon e tiago rendelli
editora urutau
2024
 
 



12 março 2024

leopoldo maría panero / o último espelho

 
 
                       Inspirado num pesadelo que teve por nome
                       «Maraba Dominguez Torán»
 
 

Todo aquele que atravessa o corredor do Medo
chega finalmente ao Último Espelho
onde uma mulher abraçada ao teu esqueleto nos mostra
frente a frente o inferno dos olhos selados
dos olhos fechados para sempre como numa máscara
mortuária representando no além o teatro último:
assim olhei eu os olhos que apagaram a minha alma
assim vi eu um dia que não existe no Último Espelho.
 
 
 
leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019




 

18 setembro 2023

leopoldo maría panero / o suplício

 



 

 
A febre assemelha-se a Deus.
A loucura: a última oração.
Durante muito tempo bebi de um estranho cálice
feito de álcool e fezes
e vi na maré da taça os peixes
atrozmente brancos do sonho.
E ao levantar a taça, digo
a Deus, ofereço-te este suplício
e esta história nascida do sangue
que de todos os olhos brota
como se me ordenasse que beba, como se me ordenasse que morra
para que quando no fim não for ninguém
seja igual a Deus.
 
 
 
leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019




24 março 2022

leopoldo maría panero / branca-de-neve despede-se dos sete anões

 
 
Prometo escrever-vos, lenços que se perdem no horizonte, risos que empalidecem, rostos que caem sem peso sobre a erva húmida, onde as aranhas tecem agora as suas teias azuis. Na casa do bosque estalam, de noite, as velhas madeiras, o vento agita coçados cortinados, entra apenas a lua através das gretas. Os espelhos silenciosos, agora, que grotescos!, envenenados pentes, maçãs, malefícios, que cheiro a lugar fechado!, agora, que grotescos!. Terei saudades vossas, nunca vos esquecerei. Lenços que se perdem no horizonte. Ao longe ouvem-se pancadas secas, uma após outra as árvores sucumbem. Está à venda o jardim das cerejeiras.
 
 
 
leopoldo maría panero
inimigo rumor, nº 14
tradução de pedro serra
livros cotovia
2003



06 julho 2021

leopoldo maría panero / o louco olhando da porta do jardim

 
 
Homem normal que por um instante
cruzas a tua vida com a do espantalho
é bom que saibas que não foi por matar o pelicano
nem por coisa nenhuma que aqui jazo entre outros sepulcros
e que a nada senão ao acaso e a nenhuma vontade sagrada
de demónio ou de deus devo a minha ruína.
 
 
 
leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019






31 março 2021

leopoldo maría panero / dedicatória

 
 
Para além de onde
ainda se esconde a vida, resta
um reino, resta cultivar
como um rei a sua agonia,
fazer florescer como um reino
a suja flor da agonia:
eu que tudo prostituí, ainda posso
prostituir a minha morte e fazer
do meu cadáver o último poema.
 
 
 
leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019





09 outubro 2020

leopoldo maría panero / saída de cena

 
 
Era mais romântico talvez quando
arranhava a pedra
e dizia por exemplo, cantando
da sombra para as sombras,
assombrado pelo meu próprio silêncio,
por exemplo: «há
que arar o Inverno,
e há sulcos, e homens na neve».
Hoje as aranhas fazem-me calorosos sinais desde
os cantos do meu quarto, e a luz titubeia,
e começo a duvidar que seja verdade
a imensa tragédia
da literatura.
 
 
 
leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019




 

02 junho 2020

leopoldo maría panero / brindemos com champanhe sobre o nada



                                                 A Marava


Brindemos com champanhe sobre o nada
salto de um saltimbanco no aço escrito
onde a flor se despe e habita entre os homens
que dela se riem e afastam o olhar
sem saberem oh ilusão que é também ao nada
que eles a devolvem e que a cada jogada
se estende a Morte ante o jogador, nua,
e anões jogam com cabeças humanas.


leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019







18 dezembro 2019

leopoldo maría panero / leitura




Eu não falo do sol, mas da lua
que ilumina eternamente este poema
onde um bando de crianças corre perseguido pelos lobos
e o verso entoa um hino ao pus.
Oh, amor impuro! Amor das sílabas e das letras
que destroem o mundo, que o livram
de ser verdadeiro, de estar aí para nada,
como um regato
que não reflecte a minha imagem,
espelho do vampiro
daquele que, de dentro da página
vai chupar o teu sangue, leitor
e convertê-lo em lágrima e em nada:
e fazer-te comungar com o aço.



leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019






15 outubro 2019

leopoldo maría panero / território do medo




Está sozinha a aranha no tear do medo
está sozinha e luta contra as estrelas do medo
e canta, canta a aranha canções ao medo
que dizem por exemplo: o medo é uma
mulher que caminha descalça na neve,
na neve do medo, rezando, pedindo a Deus de
                                                                       joelhos
que não haja sentido, e que
a morte caminhe pelas ruas
nua, oferecendo o seu sexo e a sua mão para
nos acompanhar no Medo.




leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019






23 agosto 2019

leopoldo maría panero / diário de um sedutor



Não é o teu sexo o que no teu sexo procuro
mas sujar a tua alma:
                                 desflorar
com toda a lama da vida
aquilo que ainda não viveu.



leopoldo maría panero
a canção do croupier do mississípi e outros poemas
trad. jorge melícias
antígona
2019














13 fevereiro 2016

leopoldo maría panero / como nos cães



     … Como nos cães,
tocados por seu dono,
vagueia todo o amigo da terra,
assim quisera eu minha palavra:
simples,
tímida nas pupilas,
com sílabas errantes de menino.

     Improvisar o mundo,
e todo o diáfano do mundo,
com a data encontrada no orvalho
e com o sopro tépido da mão…

     Pois o que vale é o real
escrito com a exalação do real,
e com o sedimento aéreo
do coração que pulsa chamado por seu dono,
leve,
muito levemente
oh, poema.


leopoldo maria panero
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
tradução josé bento 
assírio & alvim
2001



14 janeiro 2016

leopoldo maría panero / mutação de bataille


VIII
PALIMPSESTOS
MUTAÇÃO DE BATAILLE

(De L’Archangélique)


Eu sonhei em tocar a tristeza viscosa do mundo
na desencantada orla de um lamaçal absurdo
eu sonhei uma água turva onde reencontraria
o caminho perdido do teu ânus profundo;
eu senti nas minhas mãos um animal imundo
que na noite fugira de uma espantosa selva
selvagem como o vento, como o negro buraco
do teu corpo que me faz sonhar
eu sonhei nas minhas mãos um animal imundo
e soube que era o mal de que tu morrerás
e invoco-o rindo-me da dor do mundo.
Uma luz demente, uma luz que magoa
só em mim encontra o cadáver do teu riso
do teu riso que preserva a tua longa nudez
e o vento descobre a nossa morte, semelhante
a esse buraco imundo que eu quero beijar: um imenso
resplendor
me iluminará então
e eu vi a tua dor como uma caridade
irradiando na noite a tua forma ampla e imensa
o grito do túmulo que é a tua infinitude
e eu vi a tua dor
como uma caridade, como se alguém deixasse suavemente
um olho na mão branca que um mendigo lhe estende.



      Narciso no Último Acorde das Flautas, 1979



leopoldo maría panero
antologia poética (1979/1994)
selecção, tradução e notas de jorge melícias
lume editor
2014




19 novembro 2015

leopoldo maría panero / o lamento do vampiro



Vós, todos vós, toda
essa carne que na rua
se amontoa, sois
para mim alimento,
todos esses olhos
cobertos de remelas, como de quem não acaba
nunca de despertar, como
olhando sem ver ou tão só pela sede
da absurda aprovação de um outro olhar,
todos vós
sois para mim alimento, e o espanto
profundo de ter como único espelho
esses olhos de vidro, essa névoa
em que se cruzam os mortos, esse
é o preço que pago pelos meus alimentos

Last River Together, 1980


leopoldo maría panero
antologia poética (1979/1994)
selecção, tradução e notas de jorge melícias
lume editor
2014





17 fevereiro 2015

leopoldo maría panero / ma mère


                    À minha desoladora mãe, com essa estranha
                    mescla de compaixão e náusea que só pode
                    experimentar quem conhece a causa, banal e
                    sórdida, talvez, de tanto, tanto desastre.



Eu contemplava, caído
                                  o meu cérebro
esmagado, pasto de serpentes, à
mercê das águias,
                           pasto de serpentes
eu contemplava o meu cérebro para sempre esmagado
e a minha mãe ria, a minha mãe ria
vendo-me remexer com medo nos despojos
da minha alma ainda quentes
                                            tremendo sempre
como quem tem medo de saber que está morto,
e chora, implora caridade aos vivos
para que não lhe cuspam em cima a palavra morto. Vi digo
o meu cérebro no chão liquefazendo-se, como excremento
para as moscas. E o meu espírito convertido num teatro
vazio, de que todo o pensamento desertou
tutti gli spirti miei eran fugitti
                                                  dinanzi a Lei
o meu espírito como um teatro vazio
onde em vão se animava inútil, a minha consciência,
                                                                        coisa obscura ou
bafo de monstro pressentido na caverna. E ali, no
     teatro vazio,
ou debaixo da tenda do circo
                                     abandonado, três atletas
—Mozo, Bozo, Lozo—
                              saltavam sem descanso, movendo
com desesperada vaidade o trapézio
de um lado ao outro, de um lado ao outro. E também, cortesãs
com o cabelo tingido de um ouro repugnante, trocavam
histórias sobre aquilo que nunca houve
no palácio em ruínas. E logo me vi, mais tarde
muito para lá do demasiado tarde,
                                                    numa esquina desolada de
alguma cidade invernal, mendigando
aos transeuntes uma palavra que dissesse
algo de mim, um nome com que me vestir. Porta
do inferno —do
inferno da impossibilidade de sofrer mais—
                                                                porta do inferno
—do inferno da possibilidade de sofrer mais—
este poema, este canto exausto
esta porta que range na casa
sem ninguém, conduzida apenas pelo vento desabitado,
como uma marafona ou uma marioneta infame que mimara
a sua carência de ser com o exagero do gesto: uma boneca
conduzida pelos fios invisíveis de todas as mãos
e negada por todos os olhos. Como uma boneca mimo-me
a mim mesmo e finjo
diante de ninguém que ainda existo. Pião
na mão do deus dos mortos. Como uma boneca
      extraviada
na rota implacável de tantas outras, das incontáveis
      marionetas
que levam a sua vida como um rito funerário,
uma obsessão senil ou um delírio
último de moribundo. Porque os homens não falam, disse-me,
      disse
aos cegos que manchavam
de fezes e sangue os seus sapatos ao pisar o meu cérebro.
                                                                                      E no momento
em que pensou isso, um menino
urinou sobre a pasta derretida,
                                               dando logo
de beber vinho tinto e forte a um sapo
para que bêbado risse, risse, enquanto caia
sobre o inverno da vida a chuva
mais dura. E ao vê-lo, e enquanto me arrastava
coxeando entre os mortos, pensei: chove,
chove sempre nas ruínas. E a minha mãe riu, ao ouvir aquele ruído
que dilatava o meu pensamento.
  

      Narciso no Último Acorde das Flautas, 1979




leopoldo maría panero
antologia poética (1979/1994)
selecção, tradução e notas de jorge melícias
lume editor
2014




20 outubro 2014

leopoldo maría panero / le bon pasteur(haikú)



É duro o trabalho do pesadelo,
                                               é duro
arrastar de dia o carro das marionetas,
de noite; e ser uma delas
pela manhã, quando abrem os olhos
                                                         para não ver
que a bailarina de corda que dança entre elas
move ela mesma a mola.

      Narciso no Último Acorde das Flautas, 1979



leopoldo maría panero
antologia poética (1979/1994)
selecção, tradução e notas de jorge melícias
lume editor
2014




26 agosto 2014

leopoldo maría panero / pavane pour un enfant défunt



                                      À minha tia Margot


Dir-se-ia que estás ainda na balaustrada da varanda
olhando para ninguém, chorando.
Dir-se-ia que como sempre és ainda visto
que és ainda na terra uma criança defunta.
Dir-se-ia que se arrisca
o poema por alguém
como um disparo de pistola,
na noite, na noite semeada
de olhos desertos, de olhos sós
de monstros. Todos nós somos
crianças mortas, cravadas na balaustrada como por encanto,
na balaustrada frágil da varanda da infância, esperando
como apenas os mortos sabem esperar.
Dir-se-ia que morreste e que és alguém por fim,
um retrato na parede dos mortos,
um retrato de aniversário com velas para os mortos.
Mas não interessam a ninguém as crianças, os mortos,
a ninguém as crianças que viajam sós pelo país dos mortos,
e para quê, perguntas-te, abrir os olhos no país dos cegos, abrir os
olhos hoje,
amanhã, para sempre. Era melhor o Oeste, terras virgens, heróis
nos olhos
de um cinema desesperado, e os deuses que matam os homens
ferozes,
os deuses mais ferozes que os homens
os deuses cruéis da infância, os deuses
da inocente crueldade, pensavas, que se alimentam de cegos
e daqueles que mendigam o seu ser numa sordidez pícara,
se homens houver, homicida. Mas aventura não há, sabe-lo,
mais que por alguém, para alguém, como um poema,
como o arriscar de um voo no ar sem trânsito. É por causa
disso que não há infância neste país deserto. E também
por isso que ninguém poderá jamais suspeitar que conservas essa
beleza demente da infância, esse furor contra o útil do teu
corpo,
e essa mudez nos olhos, essa beleza
apenas vendável ao céu do suicídio, apenas a esses olhos: essa existência.
Mas a vida continua e tu arrastas-te como ela,
a vida continua como a ponte de Eliot2,
como uma ponte de mortos ou um fluxo
de sombras que se agarram
à mão cega no lodo para saber que estão mortos e
vivem. Essa vida de que falam
no inferno, os mortos entre si, os alucinados, os absurdos,
os orgulhosos sonâmbulos disputando com sangue
uma certeza alucinante; é um terrível deus obscuro.
Uma grosseira tragédia que fazem
a cada natal, os velhinhos, os defuntos,
com pessoas desaparecidas, com máscaras e ritos de outros tempos,
letreiros de néon e fogos fátuos: assim trabalha desde então,
desde então, essa raça
misteriosa que passa ao teu lado sem olhar-te ou olhar-se,
desde então, desde o primeiro dia
em que assomaste com pânico ao seu delírio. Desde que vivem,
talvez,
desde que não existe tempo mas destino e traço
de vida invulnerável à decisão de um olhar poderoso.
Aquele que é visto ou aquele que cai ao rio surdo
é o mesmo, é um morto
que se levanta dia após dia para
mendigar o olhar.
Porque todos levamos dentro uma criança morta, chorando,
que espera também esta manhã, esta tarde como sempre
festejar com os Outros, os invisíveis, os longínquos
algum dia finalmente o seu aniversário.


Narciso no Último Acorde das Flautas, 1979



leopoldo maría panero
antologia poética (1979/1994)
selecção, tradução e notas de jorge melícias
lume editor
2014



08 julho 2014

leopoldo maria panero / o que resta depois da flor



O que resta depois da flor
é uma coisa sem dentes,
recordando
o mistério da flor, a medonha agulha
para gravar na pele as sílabas
da dor: e a vida
é como uma irritação, ou uma incomodidade
de ser ainda nada,
                           como uma recordação.



leopoldo maria panero
conversação
tradução pedro serra
livros cotovia
2001



10 abril 2014

leopoldo maria panero / os imortais


cada consciência procura a morte da outra
hegel


Na luta entre consciências algo caiu ao chão
e o fragor de cristais alegrou a assembleia
Desde então habito entre os imortais
Onde um rei come defronte ao Anjo caído
e semelhantes a flores a morte nos desfolha
e lança no jardim onde crescemos
temendo que nos chegue a recordação dos homens.



leopoldo maria panero
poemas do manicómio de mondragón
trad. de jorge melícias
ed. alma azul
2003




14 março 2013

leopoldo maria panero / o circo




Dois atletas saltam de um lado para o outro da minha alma
aos gritos, a troçar da vida:
e não sei os seus nomes. E na minha alma vazia escuto
continuamente os trapézios a balançar. Dois
atletas saltam de um lado para o outro da minha alma
contentes por ela estar tão vazia.
E ouço
ouço no espaço sem sons
uma vez e outra vez os trapézios que rangem
uma vez e outra vez.
Uma mulher sem rosto canta de pé sobre a minha alma,
uma mulher sem rosto sobre a minha alma no chão,
a minha alma, a minha alma: e repito essa palavra
não sei se como uma criança chamando a sua mãe à luz,
em confusos sons e com prantos, ou muito simplesmente
para fazer ver que não tem sentido.
A minha alma. A minha alma
é como terra dura que calcam sem a ver
cavalos e carroças e pés, e seres
que não existem e de cujos olhos
brota o meu sangue hoje, ontem, amanhã. Seres
sem cabeça cantarão sobre o meu túmulo
uma canção incompreensível. E
dividirão entre si os ossos da minha alma.
A minha alma. O meu
irmão morto fuma um cigarro junto de mim.



leopoldo maria panero
poesia espanhola de agora vol. I
tradução de joaquim manuel Magalhães
relógio d´água
1997