13 fevereiro 2016

leopoldo maría panero / como nos cães



     … Como nos cães,
tocados por seu dono,
vagueia todo o amigo da terra,
assim quisera eu minha palavra:
simples,
tímida nas pupilas,
com sílabas errantes de menino.

     Improvisar o mundo,
e todo o diáfano do mundo,
com a data encontrada no orvalho
e com o sopro tépido da mão…

     Pois o que vale é o real
escrito com a exalação do real,
e com o sedimento aéreo
do coração que pulsa chamado por seu dono,
leve,
muito levemente
oh, poema.


leopoldo maria panero
a rosa do mundo 2001 poemas para o futuro
tradução josé bento 
assírio & alvim
2001



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