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07 agosto 2024

maria gabriela llansol / onde vais, drama-poesia?

 



 
XV
 
num desses momentos,
a objecto de beleza
sob o aspecto de uma abertura larga,
terá medo que o amor a desfeie e lhe roube o brilho que a en-
volve.
 
     Nesse momento, serei naturalmente implacável,
por ora, a única abertura visível é a porta da minha casa, la-
deada por duas lanternas.
     Dentro, e ao lado das nossas casas, estão várias casas,
 
abrigo que nos permitimos atingir quando sentimos fadiga.
Fadiga muito doce por não se querer sentir a fadiga cruel que
todo o vento brando, àquela hora, espalha pela clareira,
 
 
todos somos, de facto, incompletos a certas horas do dia, e
mostrei-lhe a Casa.
 
 
maria gabriela llansol
onde vais drama-poesia?
relógio d´água
2000
 




08 abril 2024

maria gabriela llansol / inquérito às quatro confidências

 



 

24 de Novembro de 1994
 
Foi a minha vez de fazer anos Tenho, de novo. Necessidade de me pôr em movimento, talvez mudar fisicamente de lugar, desfazer-me de móveis, de objectos, de roupas – aligeirar o sólido em proveito dos sinais e das imagens que o texto me trouxer. Afinal, o único lugar do corpo que verdadeiramente se move. Quando eu nasci, tudo estava relacionado com o espaço e o tempo.
A meio da vida, Vergílio falava do equilíbrio interior que exigia o absoluto do eu e a pergunta que continua sem resposta____saber se havia uma ponte do tempo sobre o espaço.
– Gabriela estará alguém à minha espera?
Não sei
«Se a pergunta é de saber», é o que hoje me respondo. – Vou nessa ponte sobre um burro carregado, o horizonte é vasto, o mar é interior e a vida, paradoxalmente, não sei se tem duração, ou não. Mas se a pergunta for de querer, de pujança então digo que paro o burro, deito os objectos às margens, ao fundo que os guarde, debruço-me na ponte, com o meu burro livre a meu lado,
Debruço-me sobre os meus membros e patas e vejo as imagens flutuando, a minha também, finalmente a desaguar no mar.
 
 
 
maria gabriela llansol
inquérito às quatro confidências
relógio d´água
1996
 


05 janeiro 2024

maria gabriela llansol / I. curso de silêncio

 




 

 
a partir do momento em que tudo ao meu alcance se imobiliza, sinto a copa da árvore verdejante, à entrada de um ramo; vindo de um ponto movimentado da vila próxima,
um trilhador dos mundos senta-se na soleira de um barraco de cristal. Está centrado sobre um objecto que deixou ______ o estudo do texto em que escrevo e que lhe conferiu (necessitaria ele?)                 o estatuto de nómada. Sem situação social no conhecimento. As folhas adoram vagamundos. A vagueação. E as daquele plátano, e árvores limítrofes, não são excepção à regra. assim, ele, partido em fragmentos, move-se, flutuando, por impulso do ar. É um homem quotidiano, sem nenhum sinal de ilustração nas mãos e/ou no roso. Os olhos percutentes encontram os meus. Quem diria que são olhos dormentes? O silêncio. O silêncio.
 
Quando o azul desce, e se transforma no negro chumbado da noite, acende-se sobre ele uma densidade que o protege, e lhe permite continuar a vadiar. Convido-o para o meu quarto,
que se desfaz na espuma do texto.
 
 
 
maria gabriela llansol
amigo e amiga
curso de silênco de 2004
assírio & alvim
2006
 




10 setembro 2023

maria gabriela llansol / o começo de um livro é precioso

 
 
202
 
É frequente sentar livros na cadeira, e eles
Se isolarem das outras espécies que povoam
O quarto. Começa aí a simbiose entre livros
E autores. Intuindo que a paisagem é o vigia
Que a cria, faz-lhes perguntas a que os
Livros dão resposta ______ «Qual foi a tua problemática?»
Se sai com alguns, vai à procura da sua
Imagem-fonte, sem esquecer que todos eles
Se sentaram em bancos de jardim. Com os
Livros já fechados, começa a ler _____ deixa
Que os autores se evadam por vontade própria,
Suas missivas distribuídas pelo quarto. Quando
Eu partir, como livro arrumado amorosamente
No seio do legente, espero que este por generosidade
Me deixa ir.
 
 
 
maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003
 



14 junho 2023

maria gabriela llansol / o começo de um livro é precioso



 

276
 
As setas indicavam a saída (porque não se via) a quem
Descesse, a quem subisse, a quem se perdesse. Há amigos,
Dizia-me, que deixara de visitar, porque o trajecto exigia
A solução de puzzles complicados ou a angústia de labirintos
Lineares. As setas indicavam o caminho, quer dizer, não
Se ia esquecer de enviar ao arquitecto um ramo de flores
Com pétalas e raízes explosivas.
 
 
 
maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003
 


 

03 novembro 2022

maria gabriela llansol / inquérito às quatro confidências

 


16 de Março de 1995
 
 
_________________________________cada um de nós escreverá o que viu – «ex-crê-ve-rá», como diz o meu companheiro filosófico – e, como rotas planetárias diferentes mas do mesmo sol, estaremos em conjunção no circo da estrebaria de Herbais, daqui a nove meses e alguns dias.
 
     No há que escolhi,
a minha espinha dorsal é o júbilo. Escrever
está dentro do redil do paraíso, que é também uma sebe onde
eu entro através do ar; minha constituição material é frágil;
de facto, os pés são a minha única matéria não
constantemente atravessada pelo ar,
que leva imagens,
traz imagens e é,
muitas vezes,
persistente nos perfumes que a tristeza leva.
 
     Quem foi a tristeza?
 
 
 
maria gabriela llansol
inquérito às quatro confidências
relógio d´água
1996
 




26 dezembro 2021

maria gabriela llansol / o raio sobre o lápis


 

IV
 
Ontem sobrevivi a uma noite de inverno, depois de um dia que teve o ritmo do conflito __________, do encontro __________, e da espera.
 
__________ no terraço, a emanação da noite era exactamente igual à da outra noite na minha infância de Alpedrinha.
 
Era a noite de um afecto profundo,
depois de um conflito que me marcara; não havia vento na noite,
mas eu pensava no vento à deriva, e levantei a cabeça para ver de que lugar vinha ele do céu; deparei, primeiro, com o azul tinta, sem estrelas, e depois com as próprias estrelas frias e cintilantes que me aproximavam do espaço onde eu queria permanecer. Elevei-me, então, ao céu, sempre com a cabeça inclinada para trás.
Minha cabeça, olha.
Distintamente, todas as estrelas da Ursa Maior – as quatro do trapézio, a cauda e, seguindo o que me ensinaram na Escola, vi a Estrela Polar.
 
Com a infância invertida sobre
a minha cabeça – e quase sem eu em face de um princípio de céu
no meu firmamento – estremeci com o afecto delicioso do mundo;
não podia deixar de olhar para cima, de parar de respirar a noite, de murmurar
que estava a criar uma linguagem térrea para a estrela polar.
 
As quatro estrelas sustentavam o brilho da Ursa possuíam o esplendor de um animal suspenso da sua cena. Sem a posse do eu que está no céu, não sei que fazer da minha infância. O animal duradouro da terra começa a noite, e é o primeiro dos meus afectos que vão pelo mundo;
 
Foi assim que me trouxeram a casa,           nem sequer houve suspensão na noite inesquecível; a meio da estrada, vimos um vulto à mercê do primeiro automóvel que passasse.
 
Olhei profundamente o chão, na noite, com a mesma expressão de olhar que erguera para o céu; e sob o labéu de feio na sua boca de sapo, descobri um ser de natureza tocante, de aspecto vulnerável e bizarro, em que cada feição me atraía o afecto e o amor. “Ele á assim, infinitamente belo, através de uma outra percepção do Universo”, pensei. “Mas não está no bom caminho”, fiz-lhe sentir, com a rapidez indizível da comunicação directa. “Vou pôr-te no bom caminho, pois eu tenho braços, e posso proteger-te do meu falcão.”
 
Tenho uma certa relutância, por causa da pele viscosa, em pegar directamente no sapo fulgurante, envolvi-o na minha camisola, e pu-lo ao abrigo do olhar de Aramis.
 
A noite passava, profunda, pelo mundo,
E roubava as almas que amavam o livro de imagens, desde o princípio dos sapos, e das constelações postas sob a protecção de um animal. A Ursa caminha no céu, um sapo dera-me o privilégio de eu lhe pegar,
a manhã estava por servir.
 
 
 
maria gabriela llansol
julião sarmento
o raio sobre o lápis
livro de artistas
europalia 91
1991




 


 

17 junho 2021

maria gabriela llansol / o começo de um livro é precioso

 
 
195
 
Paixão. Atirou-lhe rosas vermelhas que a magoaram
Na cara. Levantou as saias (num gesto espontâneo de
Protecção) e cobriu-a com o algodão leve da combinação.
Havia lágrimas. Como havia alguma podridão de espírito
A embaciar as vidraças. Um raio de sol casto atravessou-as
E, por um ponto único, deu-lhe a mão, pedindo-lhe que as
Baixasse.
 
 
 
maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003





15 novembro 2020

maria gabriela llansol / um falcão no punho (fragmento)

 
 
Herb∂is: a ilha para onde nos dirigimos tinha sido riscada do mapa; a não ser que o lugar onde nos encontrávamos, desprendendo-se dos prados firmes, nos levasse para ela.
 
Os dias já não são o que eram; nunca havíamos suposto que seria necessário recorrer tano à escrita:
                  «si l’on pousse assez loin dans le langage,
                   on se trouve pris dans l´étreinte de la pensée.»
 
a perda do mar pela areia é inevitável; da vela que arde à folha que respira, o seu rosto permanecia sempre latente; e qualquer objecto estava sempre a ser rodeado por ela.
 
 
 
maria gabriela llansol
sião
organização e notas de
al berto, paulo da costa domingos e rui baião
lisboa
1987

 




18 agosto 2020

maria gabriela llansol / o raio sobre o lápis


VIII

______________ descobrimos, no pinhal, a configuração de uma caveira: uma caveira emerge no pinhal, à beira do caminho; olhando-a de perto, analisando-a, verifico que não é uma caveira, mas uma pedra.
     Só eu tive a ilusão de ser uma caveira por duas manchas incravadas no granito.
     — É um logro — diz-me Aramis. — Não foi propriamente uma ilusão, mas uma percepção difusa. De uma cabeça assente no chão trazendo à minha consciência o suporte da morte.
     Foi um ardil da pedra dirigido ao meu olhar.
     Só eu, naquele momento a atravessar o pinhal e a floresta das faias, teria a emoção visual de que estava a descobrir, apoiada na caruma, e à beira da vereda, uma ex-cabeça humana.  

 ~

maria gabriela llansol
julião sarmento
o raio sobre o lápis
livro de artistas
europalia 91
1991





10 janeiro 2020

maria gabriela llansol / causa amante


 4 – foi a observar as beguinas migratórias que
      aprendi muito sobre o comportamento das aves;
      pelo verde, e pelo Inverno, espero o momento
      em que me seja revelado
      quantos do nome de João
      fizeram o meu nome.
      As beguinas que migram,
      não encontraram aqui nem o alimento,
      nem o modo de vida adequado.
      Não declaram morto o que está morto:
      pensam que adormeceu, e não o acordam.



maria gabriela llansol
causa amante
a regra do jogo
1984






08 agosto 2019

maria gabriela llansol / o raio sobre o lápis





XVIII

porque
todo o lugar é o limiar do mundo, janela de sacada que dá para a obra da paisagem; entre mim e ela há ainda uma mesa redonda – vermelha – , e duas cadeiras de jardim;          o meu universo preferido, Aramis, é a certeza da paisagem para além do limiar, e o mergulho ocular em certas cores trazidas da matéria: o castanho – da madeira; o vermelho – do ferro; o verde – das plantas;
o rosa – de uma emoção forte de suavidade.
São as cores em que a composição me é quase espontânea, juntas à sombra, constituem a                            visão.


       O azul excluído, é a cor única da nossa Comunicação final______________________ já sem caminho.



maria gabriela llansol
julião sarmento
o raio sobre o lápis
livro de artistas
europalia 91
1991







09 fevereiro 2019

maria gabriela llansol / LXII. dedico




a melodia é para a árvore e folhas; a leitura, a escrita, para o rosto entre ambas; o texto, ao entrar na árvore, sai paisagem. Resta-me a dor de aprender a identificar.



maria gabriela llansol
amigo e amiga
curso de silêncio de 2004
assírio & alvim
2006







15 dezembro 2018

maria gabriela llansol / o raio sobre o lápis





XIII

     Aqui, tudo o que é estranho é imediatamente possível:
     o encontro com um pequeno sapo perdido, a tua aparição que surge ainda sem elo com a palavra. Uma velha bilha que se transforma em cornucópia de abundância, dizer de amor ao meu amante através de ovelhas, e misturando-me com o rebanho.
     Com esta resposta ao amor do meu amante por mim, com esta resposta ao amor do meu amante por ele,       e aos outros amantes que teremos, e que não terão igualmente fim,


     descemos, através de um arruamento branco, da plataforma da serra de Ossa.



maria gabriela llansol
o raio sobre o lápis
livro de artistas
europalia 91
1991









12 setembro 2018

maria gabriela llansol / o raio sobre o lápis



V

a conclusão de que não há abismo, e que a infância não pára de desenvolver-se e
e crescer,
é um novo princípio de realidade, de morte, de velhice:
eu não deixo de viver no mundo interior e exterior das metamorfoses flutuantes;
é já dia, mas a noite que conduz a esperança no pensamento, e sobre si própria,
não acabou.
                Não acabou definitivamente;
                onde estará, protegendo-se da luz, o sapo que brilha?
                Eu tenho a intuição, Aramis, de que os monstros
são as tentativas mais puras do Universo.
“Olha-os, e não os mates.”



maria gabriela llansol
o raio sobre o lápis
livro de artistas
europalia 91
1991







27 junho 2018

maria gabriela llansol / séculos a fio de chuva




198

_______________ séculos a fio de chuva
Ininterrupta, de pântanos e de frio criavam
No garoto um corpo tiritante dotado de uma
Agudíssima faculdade de observar. Se o coberto
Nunca secava, razão por que na sua língua não
Existia nem frio nem seco, e nada podia ser
Seguido por peugadas, onde pousara o inimigo
Seus sinais de passagem? Se ali vivesse um
Contador de histórias fulgurante, diria que
Ele estava banhado em lágrimas, em lágrimas
Totais. Mas eu _ o dom de escrevente que o
Seguia __ textuava, e textuava, um modo
De trazê-lo seco para um mundo de vida.
Apesar de mundo ser palavra supremamente
Ambígua, por constantemente se esbater
Se apagar.



maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003







03 maio 2016

maria gabriela llansol / interiormente, o segredo traria uma grande claridade


145

Interiormente, o segredo traria uma grande claridade,
Se pudesse. Só por fora sendo obscuro, o seu escuro
Sem efeitos não transparece. A criança que ainda
Subsistia no construtor de calendários, por pirrice,
Não quis meditar sobre as consequências. O tempo,
Não. Mesmo que fosse o inverso nada se alteraria.
De qualquer modo, empurrando seus carrinhos de brincar,
Entraram em colisão. Não creio que seu problema fosse
De sensualidade. A dar uma opinião, diria que era mais
Uma das muitas sequelas do caminho, como outra
Qualquer fase de caminho que se visse, ao longe.
Do terreiro da contemplação.



maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003



27 novembro 2015

maria gabriela llansol / a véspera é um dia de grande potência cognitiva


55

A véspera é um dia de grande potência cognitiva,
Uma potência cognitiva revestida de forte
Sensibilidade sem emoção. Ver o que ainda se
Não conhece é uma rara particularidade
___________ que, por vezes, arrasa.
Quando olhou o vidro,
O vidro estava ao espelho _____ é a véspera.


maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003



20 março 2015

maria gabriela llansol / um falcão no punho (fragmento)



Levantei-me antes da luz (cedo),
envolvida pela pergunta   como permanecer no conjunto das pessoas do meu sangue. Não dou importância que já vivi com outras pessoas, na mesma casa, que já convivi familiarmente com alguém. São já nove horas da manhã, mas ainda sinto os efeitos da madrugada. Afastei-me do movimento do Augusto, da minha mãe, da minha irmã, que se levantam e, tomando café e comendo fatias com manteiga na mesa da cozinha, procuro perceber os meus sentimentos e ideias, determinar o seu lugar escondido na invocação do labirinto. O canto do galo, a urina de Jade no muro, os gatos de idades diferentes à volta do prato, e o chacal que me faz andar à roda, no interior de mim, e uiva à minha serenidade. Não me reconheço apenas uma mulher, mas um anel, com algumas feridas. Fundada na luz que se eleva na cozinha, e que desce, condensando-se, da bandeira multicor da porta da entrada, junto-me a Spinoza, para subjugar o meu chacal, com a sua geometria; mais uma paixão, mais um momento de ódio, mais uma hesitação, mais saber que se transforma em fio subtil de poder, mais um instante de medo, eis o dia. É o sinal de que a madrugada está a passar, decompondo-se nos seus elementos, e vestígios. Por mais sombrios que sejam os dias, a companhia de Spinoza não me deixa nunca ficar muito tempo sem a terra, o ar, e o fogo.
Arrastador.
Alvor.
Insuflador.

O alvor que se anuncia na parte superior da porta com as outras palavras pertence à minha génese, e impeliu-me para fora do país de uma única língua; é preciso dar várias inteligências à língua reunida num todo, que só tem uma corola.

O meu país não é a minha língua, mas levá-la-ei para aquele que encontrar.


maria gabriela llansol
um falcão no punho
rolim
1985




23 agosto 2014

maria gabriela llansol / volto a deitar-me



37

Volto a deitar-me.
Bebo a água que fui buscar à cozinha.
Tudo dorme.
Sou eu.
És tu.
É o quarto.
Amanhã, te digo.
Que a noite é mais ser. Eu quero-lhe bem
Sem me apaixonar por ela.



maria gabriela llansol
o começo de um livro é precioso
assírio & alvim
2003