[…]
Eu cá sou da raça
ferroviária que fica a ver passar as
vacas
Se não comêssemos as vacas,
os carneiros e os restos
Não conheceríamos nem as
vacas, nem os carneiros nem
os restos…
No fim de contas, criam-nos
para nos darem bicadas
Então, sejamos nós a dá-las!
Costeleta para duas pessoas,
conheces?
Felizmente há a cama: um
parque de estacionamento!
Vens, meu amor?
E depois, é como na roleta:
apostamos, apostamos…
Se a roleta só tivesse um
buraco, obrigavam-nos a apostar
na mesma
Aliás, é o que fazemos!
Compreendo os jogadores: têm
trinta e cinco possibilidades
de não se deixarem enrabar…
E deixam, deixam…
O drama, no casal, é que são
dois
E só há um buraco na roleta…
[…]
léo ferré
il n´y a plus rien / já não há
nada
trad. antónio ferreira, luísa mariante e maria paiva
ler devagar
2017