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Terá a manhã sempre que voltar? Não terminará
jamais o poder da Terra? Agitação nefasta consome o celeste poisar das asas da
Noite. Jamais ficará a arder sem fim a secreta oferenda do amor? O tempo da Luz
é imensurável; mas o império da Noite é sem tempo e sem espaço. – Perene é a
duração do sono. Sagrado sono, não sejas avaro de teus benefícios para todos os
que nesta jornada terrena se consagram à Noite. Só os loucos te desconhecem,
não sabendo de outro sono que a sombra que tu misericordiosamente sobre nós
lanças no crepúsculo dessa vera Noite. Eles não te sentem no dourado caudal das
uvas – na maravilha do óleo de amêndoas, no suco escuro da papoila. Não sabem
que és tu que pairando no contorno dos seios das tenras donzelas tornas o seu
regaço o Céu – não supõem que tu, vindo de histórias antiquíssimas ao nosso
encontro, vens para abrires o Céu e trazeres contigo as chaves das moradas dos
bem-aventurados, mensageiro silente de infindáveis segredos.
novalis
os hinos à
noite
tradução de fiama hasse pais brandão
assírio & alvim
1998
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