Quem lê não está morto.
Somente aproxima as palavras
da chama do tempo.
Quase foge. Quase se funde
na luz da vela.
Vem. Lê baixo, num murmúrio,
as palavras.
Último esforço ruinoso, as palavras
fecho de um mundo sem esperança.
A palavra
a última que puderes ler
reflecte na fundura da órbita
a causalidade de deus.
Irradia a última palavra
luz interior
a imagem incendeia a própria caveira
dessa palavra
vem
abre o livro
quem lê não está morto
/Mestre desconhecido, pintura italiana, séc. XVII/
joão miguel fernandes jorge
museu das janelas verdes
relógio d´água
2002
museu das janelas verdes
relógio d´água
2002
Sem comentários:
Enviar um comentário