Transforma-se
este homem num anjo quando fixa
Uma flor
vermelha cujo nome ele desconhece.
A face de veludo, os cabelos de pontas
negras?
Os seus
olhos dilataram-se como os de um gato à noite.
Os seus
lábios entreabrem-se mas não fala
Daquilo que vê e que assim o completa.
O seu corpo
prepara-se para imitar a flor,
Ajoelhando-se
e enterrando os dedos dos pés no solo,
A origem crua, granulosa e acre.
A sua
quietude responde como um espelho,
O da flor;
ela é a serenidade da chama em botão
Que abriga dentro de si a plenitude da
erva.
Mais tarde
as notícias, para se ramificarem de sentido em sentido,
Trazendo as
suas versões da flor numa pequena
Aparência exterior até à sua
compreensão.
Entretanto,
silencioso e expandindo-se como uma chama,
Ele inclina-se
contemplando apenas o exterior:
Caule firme e rosto sem nome.
thom gunn
a destruição do nada e outros
poemas
trad. maria
de lurdes guimarães
relógio
d´água
1993