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14 dezembro 2020

miguel martins / faltam cinco semanas, quase à justa,

 
 
Faltam cinco semanas, quase à justa,
para ficar sem casa, para ficar sem lua
(de merda, mas lua) onde aguardar a morte.
Faltam cinco semanas, talvez menos,
para que esta casa, como as outras,
seja uma linha na vã biografia
de tudo o que não fui e não serei.
Faltam cinco semanas (menos mal?)
para ingressar no nomadismo extremo,
desporto radical ao acesso dos velhos
com metade dos dentes e a estupidez
         inteira.
Eu não gosto de cães, gosto de tectos,
e faltam cinco emanas, mais ou menos,
para viver nas sombras de um canil
a que parece que se chama mundo.
 
 

miguel martins
telhados de vidro n.º 19 . maio . 2014
averno
2014




13 abril 2014

miguel martins / provavelmente


Provavelmente, a próxima vez que ouvires falar de mim
será quando te disserem que morri
e que morri por minhas próprias mãos
(isso acontece).

Isso acontece do outro lado da ternura,
onde ela é demasiada e coisa rara,
vermelha e branca, ou seja, cor-de-rosa
quase transparente.

São coisas explicáveis e que não carecem de explicação
(já não),
como os incêndios, a fadiga extrema
ou o cheiro agreste da benzina.

São coisas da natureza dos comboios que passam
a alta velocidade
sem se importarem com os ratos e as flores
que nos carris fazem a sua lida.

È a morte,
uma coisa que tudo simplifica.


miguel martins
resumo
a poesia em 2012
documenta
2013