Aqui marfim suave, ali fendido e sulcado pelas águas
Que através de sulcos escorrem suavemente como chuva ou
neve,
Alongando-se solitárias e tranquilas sob o doce
Brilho cinzento dos céus cujo sorriso nas ondas e na praia
Refulge como o de um homem que sorri por saber
Que nenhum sonho pode escarnecer da sua fé,
Nem as nuvens se parecerem ao mar ou à terra vivos.
Há um limite para toda esta desolação,
Para estas falésias desfiguradas e mutiladas,
Para estas eminências arruinadas de muralhas minadas pelo
mar que deslizam
Para o mar com todos os seus taludes de flores batidas pelo
vento,
Mas felizes por viver, antes que a esperança se aquiete
Sob o tumulto das sombrias e densas ondas e horas?
poemas
tradução de maria lourdes guimarães
relógio d’ água
2006