observei a seguinte cena
longe dos centros urbanos. O vento
que vem do mar evapora-se nas ruas desertas
onde alguém escreveu o meu nome em sal e escamas,
um pedinte na boca do metro e o cão sentado
como se soubesse que os seus dias são ao desbarato
enquanto o vagabundo esboça umas notas
na garganta cheia de pigarro. Um chapéu com
algumas moedas. Ser dono requer alguma propriedade,
neste caso feita de moedas baratas. É visível
que ambos têm a boca escancarada de outras fomes.
Tudo depende da linha: amarelo, azul, malmequer.
Bem! Nem tudo pode ser azul, ninguém nos prometeu
nomes como «felicidade». Por isso prepara-te
para esta hora em que o metro regressa vazio
sem uma paragem que abrigue as bocas no amor.
amor cão
e outras palavras que não adestram
assírio & alvim
2022
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