é verdade que nunca escutais ninguém
mas por que não tentais para variar
ficar acordados e ver o que acontece para variar
vós nessas vossas celas monásticas nessa
vossa comunhão de antos
alguma vez vos ocorreu como sois onanistas
como sois dados a poupanças poupar isto poupar
aquilo
o quanto sois guiados por lucros pregais a
re
tenção de depósitos esse cu forreta essa
economia de sangue
quero dizer tendes já montes de hemorroidas
& isso não chega
é preciso ter mais até onde chega essa
sede de sangue
vós & a vossa pena capital
sofreis de má circulação varizes
incham essas barrigas de sapo de juros
tingidos de sangue azul
claro que há mau sangue entre nós que é
que
quereis vós e a vossa má língua como
fazeis estalar
o porta-moedas os lábios apertados
púrpuros & presumidos
quase gritam há uma terrível
obstipação precisais de soltar-vos
vós & as vossas luas cintadas
essa persistência parva & presa com
ligas
gangrenados do coração envilecido & cartilaginoso
precisais de comer o meu corpo para vos fortificardes
mais cedo ou mais tarde havereis de comer
as minhas palavras minhas senhoras & meus senhores palavra
da forma que comeis dos outros as suas escudelas de sangue
apenas pode significar uma coisa os
pequenos espíritos vis
que amealhais fazem-vos temer a inflação a
maré vermelha
o raide vermelho quando fingindo ser uma
flor
de parede sois reconhecidos como o banco
de sangue
ambulante que na verdade sois sujeito a
levantamentos
adiantamentos nacionalizações impostos a
sin
taxe de renovação todas as purgas não
temais
alinhai comigo eu hei-de salvar-vos
de vós mesmos caros cidadãos
tradução de manuel portela
relâmpago
revista de poesia
nr. 17/10 2005
a tradução de poesia
fundação luís miguel nava
2005
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