O médico do século XVIII
Cobre de sanguessugas as narinas quebradas,
O louco e o alquimista ambos invocam
O grito do céu
O índigo favorece o olhar.
Agora tímidas marionetas
Desatam-se como caracóis.
Um outro Parténon desfaz-se em areia.
Mas, o caracol do amor ainda
Ilumina os conveses.
Na Quadragésima, em Março
As bolhas prendem as rãs
Em sacos transparentes.
Em Novembro, no São Martinho, uma doninha
Num pesadelo morde as coxas de um amante.
Os olhos corroem o manto da faia.
Pedra muda – o tempo uma
miragem,
Enterrado o mundo
Na fundida aldeia japonesa,
O gongue de madeira do templo ressoa
Onde o arroz se desagrega.
Rebentando as contas, as mangas,
Que ao início irradiavam.
E agora ouvimos a aflição do silêncio.
1949
harold pinter
várias vozes
tradução jorge silva melo e francisco frazão
quasi
2006