02 março 2021

joaquim manuel magalhães / abriu a porta

 
 
Abriu a porta. Os pés
Acariciam o soalho.
Lírios novos nos taipais.
O tanque, a barreira de silvas.
Atravessou pelo pinhal.
 
O dobre da luz passa nos montes.
Os coelhos abrigam-se no tojo.
Perdizes feridas na caruma
escavam para adormecer.
A tristeza de alguém que ri.
 
Espero até ao fim das brumas.
No largo do fortim abandonado
sentamo-nos os dois. Ondas
serenas, rouxinóis.
 
 
joaquim manuel magalhães
segredos, sebes, aluviões
editorial presença
1985




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