Secar é a única missão do sol.
Não é o prazer dos insectos ou o chicote dos morcegos.
A salgada erupção depois do amor,
Que sabes tu dessas coisas, tu que o devias saber?
O fogo lento, o banho dormente,
A tua ignorância do porvir, a tua surda bondade.
Os farrapos do sol esvoaçam para ferir os teus olhos.
A cama é um refúgio, mas há mosquitos no quarto.
Ranger de dentes, ausência de lágrimas, inércia.
Um forte abraço, nenhuma faca, a tua falsa surpresa.
O sol movia-se, e a terra, noutros tempos.
Agora os abutres voam muito alto, mudos, sobre os sinos.
1940
paul bowles
poemas
trad. josé agostinho baptista
assírio & alvim
2008