23 janeiro 2015

harold pinter /encontro



Nas horas mortas da noite

Os que há muito estão mortos olham para
Os novos mortos
Que avançam até eles

Há um leve bater do coração
Quando os mortos abraçam
Os que há muito estão mortos
E os que entre os novos mortos
Para eles avançam

Choram e beijam-se
Quando voltam a encontrar-se
Pela primeira e última vez

Agosto 2002



harold pinter
guerra
trad. pedro marques, jorge silva melo e francisco frazão
quasi
2003




22 janeiro 2015

antero de quental / nirvana



Para além do Universo luminoso,
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se como um vácuo tenebroso.

A onda desse mar tumultuoso
Vem ali expirar, esmaecida...
Numa imobilidade indefinida
termina ali o ser, inerte, ocioso...

E quando o pensamento, assim absorto,
emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar as coisas naturais,

À bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.



antero de quental
sonetos





21 janeiro 2015

abdel karim sabawi / a flor da tinta é negra [extractos]



[…]
A flor da tinta é negra
Mas nos dedos dele toma muitas formas
Uma abelha… uma palmeira… uma rapariga a cavalo
Um planeta regressando de tempos idos
Uma bola de fogo acariciando de entre nós os áridos e os estéreis
Transformando a terra em chamas e estacas de fumo

Oh… como é vasta a nossa visão
… como é grande o nosso anseio
Oh, de uma gota de tinta quando atinge o nosso íntimo.
Magro botão de rosa que não consegue ver
E se enrola em volta do nosso pescoço, num cadafalso

[…]
Quando abri o frasco de tinta
E fitei a tinta
Encontrei um génio adormecido lá dentro
Assustei-me, a tinta manchou-me as pontas dos dedos
Tracei uma linha e outra
Tornaram-se ruas
E mais uma ou duas linhas
Chegaram os invasores
Um grupo de pobres veio em nossa defesa
O meu coração embriagado de orgulho e felicidade
Gaguejei um pouco
Divaguei um pouco
Ajudaram-me ou mataram-me os alfabetos
Queimaram-me a língua com balas
A tinta correu em todas as minhas veias
E o meu sangue correu nas veias dos jornais.



abdel karim sabawi
poesia do mundo /3
tradução de maria josé caelo
afrontamento
2001




20 janeiro 2015

samuel beckett / worstward ho


Em diante. Dizer em diante. Ser dito em diante. Dalgum modo em diante. Até de modo nenhum em diante. Dito de modo nenhum em diante.

Dizer por ser dito. Desdito. De ora em diante dizer por ser desdito.

Dizer um corpo. Onde nenhum. Mente nenhuma. Onde nenhuma. Ao menos isso. Um lugar. Onde nenhum. Para o corpo. Estar lá dentro. Morrer-se lá dentro. E sair. E voltar lá para dentro. Não. Sair nenhum. Voltar nenhum. Só entrar. Ficar lá dentro. Em diante lá dentro. Parado.

Tudo desde sempre. Nunca outra coisa. Nunca ter tentado. Nunca ter falhado. Não importa. Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor.



samuel beckett
últimos trabalhos de samuel beckett
tradução de miguel esteves cardoso
o independente / assírio & alvim
1996





19 janeiro 2015

cesare pavese / last blues, to be read some day



Foi só um flirt
e sabias, claro -
alguém foi ferido
há muito tempo.

Mas nada mudou
o tempo passou -
um dia chegaste
um dia morrerás.

Alguém morreu
há muito tempo -
alguém que queria
mas não sabia.

11 de abril de 1950


cesare pavese
trabalhar cansa
trad.carlos leite
cotovia
1997



18 janeiro 2015

antónio reis / como o sol



como o sol
como a noite

como a vontade de comer
e o sono

como as preocupações
e o amor

e porque saio à rua
e trabalho
diariamente

Aos domingos
aos domingos o golo no estádio
chega até minha casa
e até ao mar

O próprio sol
é uma imagem de couro no espaço

a chuva
é uma imagem de redes batidas

Ah Que fazer
senão esperar pela semana

dormindo

O mesmo pensamento
a mesma ira

Para que serve a mão
Perde o sentido o próprio sofrimento

o coração
a lira

Desde quando amor
este segredo
e me vestir sem luz
sabendo que não dormes

atento a um ruído
mais claro

a um sorriso
e a uma lágrima
parada

Bate coração
no peito que te guarda

lâmpada
suspensa

fruto com cadência

estrela
em rotação pelos telhados

Bate coração

até as sombras se alongarem pelos braços



antónio reis
poemas quotidianos
1967




17 janeiro 2015

herberto helder / as musas cegas


VII

Bate-me à porta, em mim, primeiro devagar.
Sempre devagar, desde o começo, mas ressoando depois,
ressoando violentamente pelos corredores
e paredes e pátios desta própria casa
que eu sou. Que eu serei até não sei quando.
É uma doce pancada à porta, alguma coisa
que desfaz e refaz um homem. Uma pancada
breve, breve -
e eu estremeço como um archote. Eu diria
que cantam, depois de baterem, que a noite
se move um pouco para a frente, para a eternidade.
Eu diria que sangra um ponto secreto
do meu corpo, e a noite estala imperceptivelmente
ou se queima como uma face. Escuta:
que a noite vagarosamente se queima
como a minha face.

Essa criança tem boca, há tantas finas raízes
que sobem do meu sangue. Um novo instrumento,
uma taça situou-se na terra, e há tantas
finas raízes que sobem do meu sangue. E uma candeia,
uma flor, uma pequena lira,
podem erguer-se de um rio de sangue, sobre o mundo -
um novo instrumento rodeado pelas campânulas 
inclinadas, por ligeiras pedras húmidas,
pelos animais que movem no seu calmo halo de fogo
as grandes cabeças sonhadoras.

Essa criança dorme sobre os meus lagos de treva.
Pensei algumas palavras para oferecer-lhe. Esqueço-me
tantas vezes dos mistérios dessa porta.
Porque então é muito estreita com seus espelhos
detrás, com o vestíbulo frio.
Mas é tão belo uma criança ainda enevoada,
uma criança que ascende como uma
grande música
desta rede de ossos, deste espinho do sexo,
da confusa pungência, escuta: da pungente
confusão
de um homem restrito com a sua vida tão lenta.

Essa criança é uma coisa que está nos meus dedos.
Às vezes debruço-me sobre as cisternas, e as vertigens,
e as virilhas em chama.
É a minha vida. Mas essa criança
é tão brusca, tão brusca, ela destrói e aumenta
o meu coração.
No outono eu olhava as águas lentas,
ou as pistas deixadas na neve
de fevereiro, ou a cor feroz,
ou a arcada do céu com um silêncio completo.
Misturava-se o vinho dentro de mim, misturava-se
a ciência na minha carne
atónita. Escuta: cada vez a minha vida
é mais hermética.
Essa criança tem os pés na minha boca
dolorosa.

Se ela um dia adormecer com cerejas junto ao pequeno
respirar, e sonhar
estes imensos arcos que os séculos vão colocando
sob os astros - e se de tudo
a sua cabeça estremecer como numa loucura,
com altos picos em volta, com enormes faróis
acendendo e apagando - escuta: se essa criança
imaginar, e todas as cordas se juntarem tensamente
para que ela invente o seu próprio rio
sem nome -
será ainda que do meu sangue se erguem finas
raízes, e o tenebroso tumulto
das minhas sombras
está no fundo, no fundo da sua ingénua vida,
da sua terrível vida sem remédio.
Se ela morrer, escuta, será que a minha boca
diz lá em baixo
essas majestosas e violentas palavras
dos poemas.

Essa criança que aperta as veias que iluminam
as minha garganta. Ela dorme. Escuta:
a sua vida estala como uma brasa, a sua vida
deslumbrante estala e aumenta.
Se um dia os archotes incendiarem essa boca,
e as faúlhas cercarem
o silêncio tremendo dessa pequena boca, escuta:

a minha boca, lá em baixo, está coberta de fogo.

  

herberto helder
poesia toda
assírio & alvim
1996





16 janeiro 2015

raul brandão / últimos conselhos de uma mãe a seu filho



«Filho, fui eu que te criei. Sustentei-te de restos, de pobreza, de humildade. Só pensei em ti: tu tens, portanto, obrigação de ouvir os últimos conselhos que te dou. Olha que és o meu filho, o filho que criei de dia, de noite, de fome, de obediência e de sonho amargo. Criei-te para que pudesses um dia pertencer às classes elevadas. Por isso sofri, para isso sonhei, para isso desapareço, agora que cumpri o meu destino.

Filho: mente. Às pessoas ricas é preciso mentir sempre e dizer sempre que sim. Deve-se-lhes consideração, deve-se-lhes obediência. Nunca te ligues com os pobres. Para pobres bastamos nós. A pobreza pega-se, não há nada no mundo pior que a pobreza. Tem cuidado com a língua. Pela boca morre o peixe. Nunca digas o que sentes: o que a gente sente é sempre uma inconveniência. Há pessoas que dizem: - Eu gosto que me contradigam. - Foge delas como o Diabo da cruz. O que toda a gente quer é que os outros sejam da sua opinião. Só os ricos têm direito de contradizer os pobres. Um pobre não deve ter opinião. Guarda as conveniências, acima de tudo guarda as conveniências.

O mundo antigo tinha muito de bom; sabendo-se ser agradável arranjava-se lá um cantinho. A morte é indispensável para as pessoas herdarem, e para nos dias de luto se desanojarem os ricos. Foge do pecado. Sê religioso e temente a Deus. Nunca digas mal de ninguém. E habitua-te filho, habitua-te que é o grande segredo da vida. Habitua-te a cumprir os teus deveres para com a sociedade. O dever acima de tudo, o dever de te subordinares para que te não queiram mal. Não te esqueças também dos pequenos deveres de cortesia. Não te esqueças de que no dia 21 de Julho faz anos o teu padrinho, nem de deixares cartões de visita às pessoas respeitáveis. Há as que fingem que não reparam nessas coisas. São as piores, são as que reparam mais. Respeita. Respeita a lei, os superiores, a Igreja, os ricos. Num caso grave da tua vida chega-te ao pé do conselheiro Pimenta e diz-lhe com humildade: - Eu sou filho da Restituta que era prima de V. Ex.ª - E mais nada. Não sejas causa de desordem nem de escândalo. Fala baixinho, e mente, filho, mentir não custa nada. Nunca digas a verdade porque pode vir a saber-se. Deus nos livre da verdade. Mente para seres agradável aos outros e a ti mesmo. E, sobretudo, repito-te, diz sempre que sim. Não custa nada dizer que sim, dizer a tudo que sim, dizer sempre que sim.

Tua mãe,

Restituta da Piedade Sardinha »


raul brandão
húmus
frenesi
2000



15 janeiro 2015

alexandre o'neill / os cegos



                      «Ah, Madame! qu ela morale des aveugles
                      est différente de la nôtre!»

                                           Diderot, Lettre sur les aveugles



Durante os meses de inverno, podemos  ver  os cegos,
sobre  os  telhados,  acariciando  os  dedos - à procura
duma mãe que não seja virgem.

O  prazer  torna-os  redondos  como  ovos e o  vapor  de
água  vem  flutuar  sobre os  seus  bigodes sempre em
sangue.

Às vezes soluçam e deixam escapar da boca pequenas
coisas - o que não basta para interromper o jogo.

Quando  chega  a  primavera,  os cegos caem dos telha-
dos e começam a andar pelas ruas à procura da moeda
de perfil de luz.

  

alexandre o'neill





14 janeiro 2015

francisco brines / o telefone negro



        Marquei os números antigos com um vago desejo de respostas,
sabendo já que ninguém me esperava.
Com um desejo vão de ouvir vozes amadas
e que reconhecessem também a minha voz.
Meu telefone é negro,
e na noite ainda mais negra,
somente ouvia o som que chamava uns sepulcros.
E eu sozinho em casa.
                                       Rasga-se a manhã
nos vidros turvos. Vai chegando o Verão.
Cantam os pássaros (os mesmos?),
E não sei se há consolo.

        Com a luz que nua amanhece,
nu, entro em casa,
                                  e toca o telefone.
Apresso-me. Digo-lhe que me fale.
Continua o silêncio, sei que estão a falar.
Sai a voz de alguma boca morta,
ou, acaso, de tão só, em mim há surdez?
 Oiço outra vez os pássaros. E sei que são os mesmos
que então cantavam, tão eternos e frágeis.
Tenho que falar. Com quem,
se não saem também sons da minha boca?
  



francisco brines
a última costa
trad. josé bento
assírio & alvim
1997




13 janeiro 2015

cristovam pavia / ruas polidas


          «Na cidade quem olha para o céu?»
                                             Carlos Queiroz



Sou solteiro, as ruas são livres,
Minhas mãos nuas
De anéis,
Os músculos festivos
E há missa sobre o mundo.
Carlos Drummond de Andrade,
Virgílio brasileiro,
Sobe comigo aos ciclos das palavras,
Desce comigo às pedras públicas
Da cidade, que
Passos humildes, anónimos,
Pacientemente
Poliram, ao ponto de nelas
Podermos por vezes, discretos,
Patinar
E ousar voos.
(Teilhard).
Um outro Carlos
- Queiroz esse, disse em Sete
Caprichos para Ela
(Setenta vezes sete para o meu capricho):
Bendito seja o sex-appeal.
Ruas pela humildade ou o anónimo
- Na cidade quem olha para o céu,
Se nas ruas polidas fulgem estrelas
E um murmúrio de cântico geral?
Sim, há ruas em que podemos patinar,
Prontos para o discreto voo
De quem, lúcido ou bêbedo, ou banal,
Deseja por momentos o alto ar…
E desliza.
Há missa sobre o mundo
E eu encontro partículas
Inúmeras de uno
(Desde o moreno de Estela até à brancura de Elisa)
E de eterno feminino
(Goethe),
Que impelem para o alto
Voo.



cristovam pavia
poesia
dom quixote
2010




12 janeiro 2015

gil t. sousa / incerto


que hora foi essa
que saltou do ventre
dos relógios
como um garrote
de cinzas?

devo ainda
esperar por mim,
enlouquecer no regaço
das catedrais como
pingo de sol num
peito de viúva?

eu quero dançar
sobre as lâminas rombas
deste tempo
quero cortar-me até ao osso
porque só a dor
é capaz de nos revelar
a grande mentira
que há por detrás
de todas as coisas

tranquilo, assim sereno
de saber que nunca
a posterioridade se
interessará por mim


gil t. sousa
água forte
poesia reunida
editora medita
2014





11 janeiro 2015

ser ou não ser charlie



Caro Gil,

depois dos acontecimentos de Paris destes dias passados, te escrevo aqui publicamente (vais tu escolher se publicamente ou nao) porque não queria ficar calado, mas lì muitas coisas que vieram só “da barriga”, e muito pouco “da cabeça” das pessoas. Eu não sou Charlie, no sentido que nunca gostei das vinhetas do jornal que são, para mim, parte de uma ideia do mundo (muito pouco)anarco-libertaria que, enfim, acabarà sempre na defesa da propria tradição contra a verdadeira aceitação das diferenças. E ao mesmo tempo eu sou Charlie, porque o horror do homicidio politico e terrorista é sempre uma coisa intoleravel, e a liberdade de expressão deve sempre ser garantida. Mas achei ao mesmo tempo muito triste ver uma grande parte do mundo arabo que, de qualquer forma, està a “pedir desculpa” por aquelo que aconteceu. O mundo arabo não tem culpa nenhuma, e para mim este é o sinal que ainda a Europa (e o mundo inteiro) é muito euro-centrista e pensa de ter uma autoridade moral que, para mim, não tem, ou tem somente na medida em que consegue aceitar as diferenças mais que outros lugares no mundo. Mas, eu penso, ainda estamos bem longe deste resultado.

Não quero escrever demasiado; na verdade, a minha intenção é de mandar-te esta poesia do Louis Brauquier, poeta de um outro grande porto desta velha Europa, Marselha. Ele canta duma cidade de emigrantes, de pobres e trabalhadores, de italianos, espanhois, portugueses e muitos arabes que chegaram ali e que construiram a alma da cidade: uma cidade que é o coração mediterraneo da França. Nas palavras dele vive um povo multicultural e de necessidade antiracista que é, enfim, a unica Europa que amo. Espero que vais gostar.

Contra as armas, as poesias! 

Grande abraço.


Toutes les puissances du globe


Toutes les puissances du globe
Sont là, dans la ville maritime
Où débarquent, brulent et passent
Les races multipliée.
Dans la cohue des idioms,
Au hazard des chants et des rixes,
Et surgissant des faits divers,
J'exalte toutes les puissances.
Puissance du bar où s'accoudent
Les rancoeurs et les desires,
Prés des scintillants alcools,
Versés dans le verre opaque!
Bar que je sais, au mole B
Où boivent les dockers et les maitres d'équipage.
Puissance de la rue trouble au crepuscule,
Quand les lumierès des magasins
Assourdissants
Affolent
Le navigateur débarqué!
Puissance des filles prospères,
Qui appellant sur le trottoir nocturne.,
Quand les sirens des Ports
Ont fait descendre le soleil!
Oh! Dans le soir, aux yeux pervers,
Où les lampes à pétrole s'allument
Aux bouges de chair des vieux quartiers,
La morsure aux entrailles que laisse
Cet appel!
Puissance de l'alcool, de la rue et des bouges
Puissance de carte et de l'argent!
Le coup de revolver qui claque
Aur le Port,
Dans le silente
Des étoiles
Et se prolonge
Par le ruelles
Dans un bruit de fuit éperdue,
Poursuivi par l'aboiement rauque
De side-cars de la police
Et puissance enfin sur mon ame,
Des grand mats et de la mer,
Que j'ai tant de fois chantés!


*

Caro Stefano,

A Poesia servirá sempre melhor a Humanidade do que qualquer arma ou religião.

Deixa apenas que te diga que sim, que acho que o Mundo Árabe tem que pedir desculpas, tanto quanto o Ocidente e a própria Europa.

Franceses e Árabes devem-se muitas desculpas mútuas e pelas mesmas razões: racismo e intolerância.

Experimentar os extremos é muitas vezes a única maneira de se chegar ao equilíbrio. Que  os acontecimentos de Paris sirvam ao menos para isso.

Que Paris seja hoje a grande sala do mundo, onde a Humanidade se olhe frente a frente e dê significado ao velho chavão: somos todos diferentes, somos todos iguais.

Um grande abraço