como o sol
como a noite
como a vontade de comer
e o sono
como as preocupações
e o amor
e porque saio à rua
e trabalho
diariamente
Aos domingos
aos domingos o golo no estádio
chega até minha casa
e até ao mar
O próprio sol
é uma imagem de couro no espaço
a chuva
é uma imagem de redes batidas
Ah Que fazer
senão esperar pela semana
dormindo
O mesmo pensamento
a mesma ira
Para que serve a mão
Perde o sentido o próprio sofrimento
o coração
a lira
Desde quando amor
este segredo
e me vestir sem luz
sabendo que não dormes
atento a um ruído
mais claro
a um sorriso
e a uma lágrima
parada
Bate coração
no peito que te guarda
lâmpada
suspensa
fruto com cadência
estrela
em rotação pelos telhados
Bate coração
até as sombras se alongarem pelos braços
antónio reis
poemas quotidianos
1967