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28 julho 2024

antónio reis / poemas quotidianos


 
41
 
Partem todos
 
o abandono os leva
um barco
o medo
 
Quando voltam
para nenhum de nós
é um segredo
 
 
antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017
 






 

23 junho 2021

antónio reis / poemas quotidianos

 
 
27
 
Conheço
entre todas
a jarra que enfeitaste
 
têm o jeito
com que compões o cabelo
as flores
que tocaste
 
 
antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017





27 setembro 2020

antónio reis / poemas quotidianos

 
42
 
E nós
os conformados
que fazemos
 
compramos livros
gravatas
 
ou separados
morremos
 
 
antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017








22 setembro 2018

antónio reis / poemas quotidianos




49

É na piedade
dizem
que tudo nasce

eu prefiro
o amor

onde ela cabe

e morre


antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017









12 abril 2018

antónio reis / poemas quotidianos


  
52

Nascem
flores
dos beijos
nos teus ombros

e abelhas

E sombras


antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017







14 janeiro 2018

antónio reis / poemas quotidianos



29.

Na mágoa dos dias
amor
nasce-te uma ruga

mesmo de alegria




antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017








19 agosto 2017

antónio reis / penso se é ainda



Penso se é ainda
a  infância que dura
ao comer em silêncio
a carne no pão

E tu imitas o pai
julgando que apenas
estou a brincar


antónio reis
poemas quotidianos
tinta da china
2017





07 março 2017

antónio reis / mudamos esta noite



E como tu
eu penso no fogão a lenha
e nos colchões

onde levar as plantas

e como disfarçar os móveis velhos

Mudamos esta noite
e não sabíamos que os mortos
ainda aqui viviam
e que os filhos dormem sempre
nos quartos onde nascem

Vai descendo tu

Eu só quero ouvir os meus passos
nas salas vazias



antónio reis
poemas quotidianos
1967



18 janeiro 2015

antónio reis / como o sol



como o sol
como a noite

como a vontade de comer
e o sono

como as preocupações
e o amor

e porque saio à rua
e trabalho
diariamente

Aos domingos
aos domingos o golo no estádio
chega até minha casa
e até ao mar

O próprio sol
é uma imagem de couro no espaço

a chuva
é uma imagem de redes batidas

Ah Que fazer
senão esperar pela semana

dormindo

O mesmo pensamento
a mesma ira

Para que serve a mão
Perde o sentido o próprio sofrimento

o coração
a lira

Desde quando amor
este segredo
e me vestir sem luz
sabendo que não dormes

atento a um ruído
mais claro

a um sorriso
e a uma lágrima
parada

Bate coração
no peito que te guarda

lâmpada
suspensa

fruto com cadência

estrela
em rotação pelos telhados

Bate coração

até as sombras se alongarem pelos braços



antónio reis
poemas quotidianos
1967




27 maio 2014

antónio reis / depois das 7



Depois das 7
as montras são mais íntimas

A vergonha de não comprar
não existe
e a tristeza de não ter
é só nossa

E a luz
torna mais belo
e mais útil
cada objecto


antónio reis
novos poemas quotidianos
edição do autor
1959



08 março 2007

sei






Sei
ao chegar a casa
qual de nós
voltou primeiro do emprego


Tu
se o ar é fresco


eu
se deixo de respirar
subitamente







antónio reis
novos poemas quotidianos
edição do autor
1959