não pares de me chamar
faz de mim o sul dos teus rios
põe-me céus de vertigem nos dias
ou mares
põe-me mares nos instantes
e acende-me nos olhos
um bonito grito
como se eu fosse a madrugada
ou aquela hora
em que numa pedra branca
me desenhas o mundo
e eu me arrependo
de enlouquecer
leva-me
leva-me pelos telhados mais altos
e ensina-me os horizontes sem fim
as árvores antigas
onde as cores das estações se escondem
onde começam os caminhos
onde acabam as fugas
onde terminam as procuras
e dá-me as cidades
as mais longínquas
as que crescem das casas que sonhaste
e põe-me a teu lado
debruça-me nessas janelas
para nenhuma solidão
gil t. sousa
poemas
2001