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De cada vez que respiro sei que alternadamente
perco e recupero o meu corpo. Depois penso que é na preia-mar da respiração que
o meu corpo se forma, nesse intervalo. (Quando as pessoas dormem ou estão no
cinema, por exemplo, o ar do recinto fica alternadamente cheio e vazio de
corpos!) Respirar o corpo para fora inspirar o corpo para dentro. Eis como a
ginástica é uma forma de vampirismo. Penso nisto quando estou na praia olhando
um homem deslizar numa prancha de surf por uma onda fora. De repente desequilibra-se
e cai. Tudo o que é profundo se revela à superfície.
ana hatherly
463 tisanas
quimera
2006