Nenhum de nós passeia impune
pelos retratos: fazem-nos doer
os recessos da memória.
Deles saltam, por vezes, sustos,
primeiras noites, secreta
loucura, lábios que foram.
Interditam-nos sempre.
Trepam-nos pelo torpor
mais desprevenido, subsistem.
A sua perenidade é volátil
e cheia de venenosos ardis.
Um sopro no oceano.
Distintos, os seus contornos
não são nunca
os que supomos.
eduardo pitta
olhos calcinados
desobediência
poemas escolhidos
dom quixote
2011