Já nada nos pertence,
nem a nossa miséria.
O que vos deixaremos
a vós roubaremos.
Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa própria morte!
Agora como morreremos?
Estes são tempos de
que não ficará memória,
alguma glória teríamos
fôramos ao menos infames.
Comprámos e não pagámos,
faltámos a encontros:
nem sequer quando errámos
fizemos grande coisa?
1976/1989
manuel antónio pina
um sítio onde pousar a cabeça
(1991)
todas as palavras
poesia reunida
assírio & alvim
2012
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