07 junho 2012

edmundo de bettencourt / circunstância





Do clarão que é das ruínas,
pelo escuro,
uns pedaços se unem em fio estendido, serpente
um dia já sangue erguendo e triturando o edifício.


Eis um mar que se abisma
que a si próprio se engole
e a si próprio se vomita
com uns destroços de galera.

Ruínas…
no clarão que as ilumina,
aos poucos se dilui um fio com princípio e fim.
Mas, a acabar, ainda resplandece
na chave que abre a porta aos pesadelos!





edmundo de bettencourt
poemas surdos
assírio & alvim
1981



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