Perdeu-se após o mar a
nostalgia
de sermos pelo menos na
hora do desastre
um voo de marinheiros caindo
ainda
vencidos e longínquos ─ como o dia
sobre o rasto vermelho das
amadas
E mesmo onde te encontro a
despedida
corta as minhas mãos
abertas pelas tuas
Passam as aves e passada a
minha vida
procura o chão ardente da
cidade
onde eu possa ser contigo
as mesmas ruas
Entretanto esperamos
apenas ─ árvores tristes
divididos um pouco mais a
cada encontro
Eu parto e digo-te à
partida amada que resistas
decepado sobre a terra e
sobre ti
terra que deceparam do meu
sangue
Mas a esperança que nos
vem dentro do vento
desperta a voz da morte no
regresso
Por isso somos hoje tão
sábios e tão lentos
que as gaivotas nos poisam
na cabeça
miguel serras pereira
trinta embarcações para
regressar devagar
relógio d´água
1993
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