Agora eu
digo, Fernando, que naquele dia
O espírito
vadiava como vadia uma traça,
Entre as
flores para lá do areal imenso;
E que o
mínimo rumor do vaivém das ondas
Nas algas
marinhas e nas pedras submersas
Não incomodava
nem o mais ocioso ouvido.
Foi então
que aquela monstruosa traça
Que ficara
imóvel pregada no azul
E no púrpura
colorido do mar preguiçoso,
E dormitara
ao longo de litorais ossudos,
Surda para a
conversa que as águas fiavam,
Se ergueu
perlada e buscou o rubro ardente
Salpicada de
pólen amarelo ─ tão rubro
Como a
bandeira no cimo do velho café ─
E por ali
vadiou toda a estúpida tarde.
wallace stevens
harmónio
trad. jorge
fazenda lourenço
relógio
d´água
2006
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