As ruas abrir-se-ão
sobre as colinas de pinheiros e pedra.
O tumulto das ruas
não modificará esse ar imóvel.
As flores salpicadas
de cores, que há nas fontes,
piscarão os olhos como mulheres
divertidas. As escadas
os terraços e as andorinhas
cantarão ao sol.
Abrir-se-á aquela rua,
as pedras cantarão,
o coração baterá em sobressalto
como a água nas fontes –
será esta a voz
que subirá as tuas escadas.
As janelas saberão
o valor da pedra e do ar
matinal. Abrir-se-á uma porta.
O tumulto das ruas
será o tumulto do coração
na luz perdida.
virá a morte e terá os teus olhos (11 Março-11 Abril, 1950)
virá a morte e terá os teus olhos
trad. rui caeiro
edições do saguão
2021