caminhavam os velhos
a sineta de um mendigo e a obstinada fuga à palavra (seus
eufemismos todos);
na mesa do Café Mounir, hoje à chuva, o lugar-comum do meu chá
por beber
um engulho no telefonema breve: a voz do teu filho a dizer-me que
quiseste ficar
no lugar em que a terra se te encostou ao peito largo de cedros faias
e aveleiras
praça do minarete
engalanada com reclames luminosos em línguas nazarenas; um cão
cego à minha beira
submergiam do aquário índigo das ruas (olhos ao alto) e cegos
jamais se perdiam
– sob as luzentes águas da montanha – de mãos dadas andavam;
um cão à tua beira
retrato de Hayworth
pendurado em frente ao pórtico da esplanada, por detrás da
teleboutique e das revistas:
e tu com ele para o canídeo dorso do céu – só esta noite – órfão
de estrelas
resumo, a poesia em 2013
assírio & alvim
2014