Os momentos são teus. As tuas bicicletas.
Podes ama no cinema com a boca
colada à tela gigante.
Perguntar pelo poeta Rilke no silêncio
branco das sentinas públicas
ou no silêncio cinza
das outras sentinelas.
Podes voar desesperadamente de encontro
Aos automóveis e lá no fundo sobre o riso do óleo
descobrir um anjo infecto a lamber o asfalto. Desliga
devagar as luzes assassinas.
Destila rápido as frases recortadas
do magarefe e da prostituta
do alfaiate e da pianista que se espraia
louca sobre refinados jogos aquáticos.
O céu hoje é uma triste ciência
de judeus errantes.
O mar, distante, um curso adiado
de linguística, uma malha na meia,
as bocas ferocíssimas do metro
em plena cheia.
armas brancas 1977
o que foi passado a limpo, obra poética
assírio & alvim
2007