1.
Partindo-se dali e andando
três dias para Levante o homem encontra-se em Diomira, cidade com sessenta
cúpulas de prata, estátuas de bronze de todos os deuses, ruas pavimentadas a
estanho, um teatro de cristal e um galo de ouro que canta no alto de uma torre
todas as manhãs. Todas estas belezas o viajante já as conhece por tê-las visto
também noutras cidades. Mas a propriedade desta é que quem lá chegar numa noite
de Setembro, quando os dias já diminuem e as lâmpadas multicores se acendem
todas ao mesmo tempo por cima das portas das lojas de peixe frito, e de um
terraço uma voz de mulher grita: uh!, lhe apetece invejar os que agora pensam
que já viveram uma noite igual a esta e que então foram felizes.
italo
calvino
as
cidades invisíveis
trad. josé colaço barreiros
teorema
1999
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