Melo, 31 de
Agosto de 1948
Canta-me uma miséria de penas sem razão
Com branda névoa de criança brincando na lama
e sois doentes morrendo.
Que a minha presença para mim seja este sonho
magoado
sem corpo, sem desejo de que não seja magoado.
Que os meus olhos sejam a folha que o vento fez ave
por
segundos,
que o coração seja apenas o órgão mercenário para
isto
tudo,
e um momento estarei de acordo.
vergílio
ferreira
diário
inédito 1944-1949
bertrand editora
2008