Porque a forma das coisas lhe fugia,
O poeta deitou-se e teve sono.
Mais nenhuma ilusão apetecia,
Mais nenhum coração era seu dono.
Cada fruto maduro apodrecia;
Cada ninho morria de abandono;
Nada lutava e nada resistia,
Porque na cor de tudo havia outono.
Só a razão da vida via mais:
Terra, sementes, caules, animais
Descansavam apenas um momento.
E o vencido poeta despertou
Vivo como a certeza dum rebento
Na seiva do poema que sonhou.
miguel torga
libertação
1944
Sem comentários:
Enviar um comentário