É um visionário. O seu lado obscuro desconcerta; o
seu lado grave converte-se em humor para não ser apercebido. Eu aparento Manoel
de Oliveira àqueles poetas saudosos que tivemos; Bernardim foi um deles, outro
o cavaleiro Francisco Manuel de Melo. Vou dizer porquê. Porque em todos há mais
determinação de fazer obra sua, do que voz do mundo.
*
Como um Bergman ou um Dreyer, ficará para sempre um
mistério para os seus contemporâneos. Umas vezes é subtil, outras é sarcástico,
raramente é amoroso e abandonado a um sentimento terno. Abandona-se à perfeição
e nada mais. Há nele um empenho de contradição, o que faz a força da sua obra
tão variada, tão inesperada e tão controversa.
agustina
bessa-luís
dicionário
imperfeito
guimarães editores
2008
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