Moço eu fui criado entre pencas e canetilhas
umas eram-me comparsas outras baionetas
enquanto o cilindro miraculava o quente na água
o cão varria a cauda do gato coçado para debaixo do sofá
descascava-se o feijão e a peneira fazia cara de prisão
cara de apicultor e vez de harpa
o poço chorava gravilha
lágrimas armadilhadas à cata de joelhos
o vizinho da muleta trazia (de certeza) cabeças de gado no saco
malhava-se dos portões pagavam-se fogueteiros
corava-se a roupa na eira remedavam-se feridas
abafavam-se carraças com éter davam-se eclipses
trepavam-se escadotes que eram marmeleiros
porque tinham sido mesmo marmeleiros eu vira
o serrote lambê-los moço
pedro de queirós tavares
se tens fósforos
fresca / poetria
2023
umas eram-me comparsas outras baionetas
enquanto o cilindro miraculava o quente na água
o cão varria a cauda do gato coçado para debaixo do sofá
descascava-se o feijão e a peneira fazia cara de prisão
cara de apicultor e vez de harpa
o poço chorava gravilha
lágrimas armadilhadas à cata de joelhos
o vizinho da muleta trazia (de certeza) cabeças de gado no saco
malhava-se dos portões pagavam-se fogueteiros
corava-se a roupa na eira remedavam-se feridas
abafavam-se carraças com éter davam-se eclipses
trepavam-se escadotes que eram marmeleiros
porque tinham sido mesmo marmeleiros eu vira
o serrote lambê-los moço
se tens fósforos
fresca / poetria
2023