Que temos um com o outro, rouxinol?
Rouxinol.
Por entre as coisas demasiado belas.
Quem não ousava acreditar nelas,
Em certos fins-de-dia?
Ao ouvir o teu canto que provoca a felicidade,
E paredes derruba a caminho da alegria?
Dos fins-de –dia – e a lua
E a planície e tu,
O que tu prometias,
Não estava longe todavia.
[rouxinol,
O teu canto que faz vogar o espaço em
[em direcção ao tempo
Em que se enlaça o que mais se deseja,
nos faz soluçar. E a lua lá está. No alto,
[a espiar,
Enquanto continuas a cantar.
Rouxinol?
Voltei a fazer-te meu aliado.
Se tu regressas como um remorso,
Tanto de mim exige,
Por causa das noites e dos fins-de-dia,
Por causa dos canhões,
Ou daqueles que apenas estão à espera?
Poder vir a ser coberto,
Pelo ruído das bombas
Através das herdades?
Recorda-te, meu velho,
Por causa de ti, por causa de mim.
É dele agora que precisamos.
poesias de guillevic
tradução de david mourão-ferreira
editora ulisseia
1965