A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.
Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.
O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.
Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.
Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
federico garcia lorca
romanceiro gitano e outros poemas
divã do tamarit (1936)
trad. de oscar mendes
editora nova fronteira
1985
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.
com a língua queimada pela chuva de sal.
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.
entregando aos sapos meu mordido cravo.
pelas turvas cloacas da escuridade.
para que por ti morra
e tu morras por mim.
romanceiro gitano e outros poemas
divã do tamarit (1936)
trad. de oscar mendes
editora nova fronteira
1985
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