Momentos há em que a toda a nossa volta os objectos
se tornam insuportáveis como se nos roubassem o ar, como se neles houvesse uma
respiração onde o ar e a luz interviessem simultaneamente. Entre os sabores que
tocam no meu espírito procuro então o que melhor me possa devolver à
transparência, não a dos espelhos ou dos vidros, que a literalidade impregna,
mas a abrupta transparência dos sentidos.
luís miguel nava
o céu sob as entranhas
poesia completa (1979-1994)
publicações dom quixote
2002
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