07 novembro 2025

konstandinos kaváfis / para ficar

  
 
As horas uma da noite havia de ser,
ou uma e meia.

                       Num canto do tasco;
por detrás da divisória de madeira.
Além de nós os dois o sítio completamente vazio.
Um candeeiro de petróleo mal o iluminava.
Dormia, à porta, o criado por causa da demora.
 
Não nos veria ninguém. mas já
nos tínhamos acalorado tanto,
que nos tornámos inadequados para precauções.
 
As roupas entreabriram-se – muitas não eram
pois ardia um mês de Julho divino.
 
Deleite de carne por entre
as roupas entreabertas;
rápido desnudamento de carne – cuja imagem ideal
atravessou vinte e seis anos; e agora veio
para ficar nesta poesia.
 
 
konstandinos kavafis
os poemas
I (1919-1932)
trad. joaquim manuel magalhães e
nikos pratsinis
relógio d´água
2005




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