Disciplinar os povos é sempre a ilusão frenética dos grandes
revolucionários. Falham continuamente. Não se dominam as energias sociais do
mundo senão na medida em que elas tendem a uma rotina que, por sua vez, deixe
tranquila a «espontaneidade negativa» do homem. Quer dizer que o estadista
exerce influência nas massas, mas não as revela. Pode ser motor duma acção e
formular um pensamento que se vai divulgando até se estiolar no exercício
comum. Mas fica sempre ineficaz quanto à interpretação da chamada massa passiva
que, na realidade, está organizada no sentido inverso do fatalismo.
agustina bessa-luís
dicionário imperfeito
guimarães editores
2008
Sem comentários:
Enviar um comentário