XXVI
(«Morte e Transfiguração» de Strauss. Deixo
de ouvir, de súbito preocupado com a minha
morte.)
E se fôssemos imortais?
– silêncio complicado com o bafo dos homens nas estrelas.
Se houvesse repartições e escrita,
mangas-de-alpaca nas pedras e nos astros,
livros de Deve e Haver especiais,
carimbos com caveiras,
horas de morte registadas,
fabricação constante de espectros
para entrarem e saírem do Abismo
misturados com as nuvens
dos alçapões do dia?
Ó Strauss sem misticismo
– que burocracia!
josé gomes ferreira
sala de concertos 1951-1952-1953,
etc… pelos anos fora
poesia IV
portugália
1971